São Paulo, domingo, 29 de agosto de 2004

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ELEIÇÃO NOS EUA

Marcada para hoje, megamanifestação anti-Bush em Nova York deve reunir 250 mil, segundo organizadores

Polícia prende 260 manifestantes ciclistas

DO ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

Às vésperas do primeiro grande protesto contra a convenção do Partido Republicano, a polícia de Nova York, em demonstração de força, prendeu ao menos 260 pessoas no fim da noite de sexta.
As detenções ocorreram durante manifestação para defender direitos para os ciclistas. Com a aproximação da convenção republicana, o protesto, rotineiro, atraiu mais gente que o normal. Cerca de 5.000 ciclistas, muitos gritando slogans anti-Bush, acabaram bloqueando o tráfico.
No auge da concentração, a polícia interveio e fez as prisões. Bicicletas foram confiscadas, e os ciclistas, com as mãos presas para trás, encaminhados a centro de triagem criado para a convenção.
Os detidos passaram apenas algumas horas no complexo policial, em que podem ser mantidas até mil pessoas presas.
Na tarde de ontem, com céu claro e temperatura de 30 C, cerca de 20 mil pessoas, segundo organizadores, protestavam em frente à Prefeitura de Nova York, numa marcha feminista que saiu do bairro do Brooklyn.
Milhares de policiais, todos munidos de tubos de gás de pimenta e de várias algemas de plástico, acompanhavam a manifestação.
Composto basicamente de mulheres e crianças, o ato, que foi chamado de "Marcha pela Vida das Mulheres", transcorreu pacificamente. As feministas entoavam palavras de ordem a favor do direito ao aborto e contrárias a Bush e à guerra.
Alguns cartazes que exibiam estampavam Bush com nariz de Pinóquio ou com uma metralhadora, atirando contra iraquianos.
A "Marcha pela Vida das Mulheres" foi promovida pelo mesmo grupo que levou a Washington, em abril, mais de 500 mil pessoas em ato pró-aborto, um dos maiores protestos contra o presidente George W.Bush.
Segundo a ativista Kelly Sullivan, havia o receio ontem de que a polícia voltasse a querer "dar o exemplo". "Estamos alertas para evitar provocações e contornar incidentes que possam levar a situações de descontrole", disse.
Na semana passada, o prefeito republicano de Nova York, Michael Bloomberg, demonstrou que quer manter a cidade "em um clima amigável" para os convencionais de seu partido. "A polícia não hesitará em agir com rigor diante de qualquer tipo de violação das leis."
No início da noite de ontem, outra manifestação percorreria o caminho entre o Central Park e o local onde ficava o World Trade Center. Os organizadores distribuiriam 2.749 sinos para simbolizar os mortos do 11 de Setembro e para protestar contra Bush. Os eventos de ontem foram um prelúdio de uma das principais manifestações contra a convenção, que ocorre hoje e espera reunir 250 mil pessoas.
Os manifestantes foram proibidos de entrar no Central Park, mas devem cercar o Madison Square Garden, onde, amanhã, a convenção começa.

Suposto ataque
Um americano e um paquistanês foram presos anteontem, suspeitos de tramar atentados na cidade, informou a polícia. Identificados como Shahawar Matin Siraj, 21, paquistanês morador do bairro de Queens, e James El Shafay, 19, americano que vive em Staten Island, os dois foram detidos durante investigação contra grupos muçulmanos no Brooklyn.
A polícia teria encontrado com os suspeitos desenhos da estação de Herald Square e acusa a dupla de planejar ataques contra outras duas estações de metrô, três delegacias, uma prisão e uma ponte.
Ontem, a polícia descartou a ligações dos suspeitos com organizações terroristas e relações entre os planos e a convenção republicana. (FERNANDO CANZIAN)


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