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Missionários substituem
os turistas
DO ENVIADO ESPECIAL
Sumiram os turistas do Haiti,
que já não era um grande destino
turístico apesar de ficar no Caribe.
Os hotéis ainda têm estrangeiros,
mas são em geral pessoal das Nações Unidas e de organizações
não-governamentais.
Uma nova leva de estrangeiros
veio depois das inundações que
mataram centenas no país, como
um grande grupo de missionários
americanos quase que uniformizados -bermudas, mochilas,
chapéus de sol variando do caubói ao de palha ao de tecido mole,
garrafa de água mineral na mão.
Alguns são de fato uniformizados, com camisetas com citações
bíblicas.
Quem reclama mais é quem depende mais do turista. É o caso
das galerias de arte armadas nos
muros. Os vendedores de telas reclamam que ninguém está comprando. "Espero que quando chegar mais pessoal da ONU eles
comprem, por enquanto ninguém está comprando nada", diz
Paul Batisse, que também pinta
alguns dos seus quadros. Todos
são quadros bem primitivistas,
desses que se vêem também em
feiras de rua no Brasil.
Entre os temas, a vida nas favelas, mulheres transportando
água, veleiros e a briga de galo, o
"esporte"nacional do Haiti". Preço inicial pedido por um quadro
de uns 30 cm por 40 cm: US$ 60.
"A gente pode negociar", diz Batisse. Já uma caixinha de madeira
pintada sai por apenas US$ 2.
Inflação
A chegada de estrangeiros tende
a inflacionar o mercado. Contratar um carro com motorista e tradutor -que, dependendo do tamanho, também serve de segurança-, custa cerca de US$ 100
por dia. Andre Maximilien Baptiste tem uma grande perua com
ar condicionado. Quer cobrar
US$ 150, só para ele.
Explicação: "Costumo trabalhar
com redes americanas de TV".
Que, como se sabe, têm bem mais
dinheiro que outros profissionais
de imprensa.
(RBN)
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