São Paulo, terça-feira, 30 de maio de 2006

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Ex-porta-voz de Humala baixa as calças para denunciar agressão

DO ENVIADO A LIMA

O acirramento da campanha eleitoral nos últimos dias inclui ainda um episódio grotesco envolvendo o deputado eleito Daniel Abugattas, que, no primeiro turno, deixou de ser o porta-voz do nacionalista Ollanta Humala depois de xingar a primeira-dama, Eliane Karp.
Na segunda-feira retrasada, Abugattas se irritou com uma repórter da emissora de TV Panamericana e lhe arrancou o microfone. A cena, ocorrida na entrada do estúdio em que ocorreu o debate presidencial e que incluiu insultos de baixo calão aos militantes do ex-presidente Alan García, foi repetida várias vezes pelos canais peruanos.
Acuado pelas críticas, Abugattas foi a um popular programa de TV peruano e tentou se justificar, acusando a repórter de tê-lo agredido com o microfone na virilha. Para provar, abaixou as calças e ficou apenas de cuecas para mostrar a cicatriz, mas foi desmentido no ar por uma clínica médica que o havia atendido. Disse que ele havia feito um cateterismo no local dias atrás.
O destempero de Abugattas foi novamente explorado pelos principais meios de comunicação, praticamente todos contrários a Ollanta Humala. A uma semana da eleição, foi o assunto da capa da revista semanal "Caretas", a mais importante do país.
No primeiro turno, Abugattas teve de sair da função de porta-voz de Humala depois que chamou a mulher do presidente Alejandro Toledo de "filha da puta". Mesmo assim, conseguiu conquistar uma vaga de deputado pela coalizão nacionalista.
Em reação à cobertura contrária a ele, a campanha de Humala criou jornais dedicados a elogiá-lo e a lançar ataques contra García e outros críticos do nacionalistas. Vendidos a cerca de R$ 0,10, os jornais repetem a estratégia adotada pelo governo de Alberto Fujimori (1990-2000), que criou várias publicações para se defender dos ataques que sofria.
Na última edição do jornal "Liberación", por exemplo, a capa lembra o desastroso primeiro governo García (1985-1990) e critica várias personalidades do país que têm atacado Humala, como o escritor Mario Vargas Llosa. (FM)


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