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Ex-porta-voz de Humala baixa as calças para denunciar agressão
DO ENVIADO A LIMA
O acirramento da campanha
eleitoral nos últimos dias inclui
ainda um episódio grotesco envolvendo o deputado eleito Daniel Abugattas, que, no primeiro turno, deixou de ser o porta-voz do nacionalista Ollanta Humala depois de xingar a primeira-dama, Eliane Karp.
Na segunda-feira retrasada,
Abugattas se irritou com uma
repórter da emissora de TV Panamericana e lhe arrancou o
microfone. A cena, ocorrida na
entrada do estúdio em que
ocorreu o debate presidencial e
que incluiu insultos de baixo
calão aos militantes do ex-presidente Alan García, foi repetida várias vezes pelos canais peruanos.
Acuado pelas críticas, Abugattas foi a um popular programa de TV peruano e tentou se
justificar, acusando a repórter
de tê-lo agredido com o microfone na virilha. Para provar,
abaixou as calças e ficou apenas
de cuecas para mostrar a cicatriz, mas foi desmentido no ar
por uma clínica médica que o
havia atendido. Disse que ele
havia feito um cateterismo no
local dias atrás.
O destempero de Abugattas
foi novamente explorado pelos
principais meios de comunicação, praticamente todos contrários a Ollanta Humala. A
uma semana da eleição, foi o assunto da capa da revista semanal "Caretas", a mais importante do país.
No primeiro turno, Abugattas teve de sair da função de
porta-voz de Humala depois
que chamou a mulher do presidente Alejandro Toledo de "filha da puta". Mesmo assim,
conseguiu conquistar uma vaga
de deputado pela coalizão nacionalista.
Em reação à cobertura contrária a ele, a campanha de Humala criou jornais dedicados a
elogiá-lo e a lançar ataques
contra García e outros críticos
do nacionalistas. Vendidos a
cerca de R$ 0,10, os jornais repetem a estratégia adotada pelo
governo de Alberto Fujimori
(1990-2000), que criou várias
publicações para se defender
dos ataques que sofria.
Na última edição do jornal
"Liberación", por exemplo, a
capa lembra o desastroso primeiro governo García (1985-1990) e critica várias personalidades do país que têm atacado
Humala, como o escritor Mario
Vargas Llosa.
(FM)
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