São Paulo, terça-feira, 30 de maio de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bush comemora reeleição de Uribe e "amizade" com EUA

Um dia após líder colombiano garantir novo mandato com ampla margem, governo francês pede diálogo sobre reféns

Em reação ao resultado, as Farc prometem violência e afirmam que colombianos elegeram domingo "guerra, massacres e assassinatos"

CAROLINA VILA-NOVA
ENVIADA ESPECIAL A BOGOTÁ

O presidente dos EUA, George W. Bush, parabenizou ontem o presidente colombiano, Álvaro Uribe, por sua reeleição no dia anterior, reforçando os fortes laços entre os dois países. Em um telefonema a Uribe, Bush falou da "forte amizade" que une os dois governos e reafirmou "seu forte apoio à Colômbia em sua contínua contra o narcoterrorismo, em seu passo adiante ao ter firmado um Tratado de Livre Comércio e ao ajudar os amigos da democracia na região".
A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, cumprimentou Uribe "pessoalmente" pela vitória e lhe desejou "um sucesso ainda maior" no segundo mandato: "Nossa relação com o governo e o povo da Colômbia é particularmente estreita. É baseada em um acordo mútuo de que as sociedades abertas e o livre mercado são os melhores modos de satisfazer as necessidades de nosso povo, para proteger direitos e liberdades fundamentais".
A reeleição de Uribe é uma rara vitória para os EUA na América do Sul. Uribe não deixa de retribuir o financiamento milionário que Washington destina ao país desde 2000 para o Plano Colômbia: apoiou a Guerra do Iraque e negociou com os EUA um Tratado de Livre Comércio que, após ser aprovado nos dois Congressos, pode entrar em vigor em 2007.

Reféns
Uribe foi eleito com 62% dos votos para um novo mandato de quatro anos. Visivelmente emocionado, o presidente celebrou ontem sua reeleição com uma missa na cidade de Medellín, ao lado da família.
Mas nem tudo são flores. Em um tom bastante diferente do dos EUA, a Chancelaria francesa pediu um "diálogo nacional" que ponha "fim ao conflito no país" e permita "um acordo humanitário para a libertação dos reféns".
A França voltou a se oferecer como intermediária, ao lado de Espanha e Suíça, para uma negociação entre o governo e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), pela libertação de reféns seqüestrados pela guerrilha. Desde 2002, a ex-candidata presidencial franco-colombiana Ingrid Betancour é mantida refém pelas Farc, com mais 58 pessoas.
A agência de notícias Anncol divulgou comunicado em que as Farc criticam a reeleição e ameaçam com atos de violência. "Nos próximos quatro anos, os colombianos devem estar preparados. Eleger Álvaro Uribe Vélez foi eleger a guerra, os assassinatos, os massacres, os desaparecimentos, apoiar a impunidade de grupos narcoparamilitares", diz o texto.
As famílias dos seqüestrados manifestaram preocupação. "Apesar de que a vitória já estava cantada, me doeu muito que o presidente nem sequer tenha mencionado o tema em seu discurso", disse ontem Yolanda Pulecio, mãe de Betancour.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Ex-porta-voz de Humala baixa as calças para denunciar agressão
Próximo Texto: Coalizão dá amplo espaço de manobra no Congresso durante novo mandato
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.