São Paulo, terça-feira, 30 de maio de 2006

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Coalizão dá amplo espaço de manobra no Congresso durante novo mandato

DA ENVIADA A BOGOTÁ

Além de ter sido reeleito com amplo respaldo popular, o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, tem um trunfo adicional em seu segundo mandato: uma ampla maioria no Congresso, que lhe permite aprovar qualquer iniciativa de reforma.
Analistas questionam, porém, a solidez dessa bancada e sua manutenção ao longo dos próximos quatro anos.
Ex-liberal, Uribe não tem hoje um partido próprio. Ao todo as agremiações ditas uribistas com representação no Congresso são seis: Partido Conservador, Partido da U, Mudança Radical, Convergência Cidadã, Asas Equipe e Colômbia Democrática.
Juntos, esses partidos somam 96 das 163 cadeiras na Câmara dos Deputados. Têm ainda 68 do total de 102 senadores. "Claramente essa maioria avassaladora vai permitir a Uribe em um primeiro momento passar projetos e inclusive propor reformas constitucionais que o favoreçam", disse Elizabeth Ungar, professora de Ciência Política da Universidad de los Andes.
"Nesses próximos anos, por exemplo, o Congresso vai eleger indiretamente tanto os membros das altas cortes como dos organismos de controle, o que pode aumentar ainda mais o poder do presidente."
"Mas a pergunta que se deve fazer neste momento é quanto tempo vai durar essa coalizão de partidos que responderam claramente a uma conjuntura eleitoral e que chegaram ao Congresso em grande medida em torno da popularidade do presidente", avaliou Ungar.
Um dos projetos principais do primeiro governo Uribe, o Tratado de Livre Comércio com os EUA, também deve passar pela aprovação do Congresso nos próximos meses. Fala-se ainda de reformas dos sistemas previdenciário e tributário.
Analistas também mencionam a possibilidade de que Uribe tente aprovar uma reforma que lhe permita uma terceira reeleição. Proposta nesse sentido foi levantada na última semana por um parlamentar conservador, mas rejeitada "terminantemente" por Uribe dias depois.
Para o pesquisador Napoleón Franco, Uribe deve começar a enfrentar problemas depois do primeiro ano de governo. "Haverá um espiral insaciável de demanda de necessidades. Dos 100 pontos do primeiro programa de governo, apenas 25 foram cumpridos. E houve novas promessas nesta campanha", afirma. (CVN)


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