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Cocaleiro tira proveito de ameaça dos EUA
DO ENVIADO ESPECIAL
Ele não deve chegar ao segundo turno, mas se tornou
a grande surpresa da eleição
e certamente será bajulado
pelos políticos tradicionais
do país por causa do poder
que terá no Congresso.
O partido de Evo Morales,
o MAS (Movimento ao Socialismo), pode fazer até 20
deputados e entre três e cinco senadores. Manfred Reyes Villa (candidato favorito) disse que não vê problemas em compor um governo com o MAS.
Nascido num lugar pobre
do sul da Bolívia há 42 anos,
Morales se mudou para a região central do país em 1982
por causa de uma seca. Descendente de quéchuas e aymarás, foi em Chapare que
ele se envolveu nos movimentos pelos direitos indígenas e passou a lutar contra
o extermínio das plantações
de coca.
Opositor das políticas liberais, Morales foi eleito deputado em 1997, obtendo 70%
dos votos da região de Chapare, tradicional plantadora
de coca, mas também centro
produtor de drogas.
Em 1999, Morales foi cassado por quebra de decoro
parlamentar, acusado de incentivar a violência em um
conflito de trabalhadores rurais com a polícia, que deixou três soldados mortos.
Sua plataforma prevê a nacionalização das empresas
privatizadas e a divisão de
renda em escala nacional.
Na semana passada, os
EUA ameaçaram cortar a
ajuda ao país se Morales fosse eleito. Ele tinha 12% das
intenções de voto, mas esperava capitalizar com a indignação causada pela "empáfia americana".
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