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Favorito se diz vítima de uma "guerra suja"
DO ENVIADO ESPECIAL
Especialista em pára-quedismo, em blindados e em artilharia,
o capitão Manfred Reyes obteve
distinção na Escola das Américas,
no Panamá, nos anos 80. Mas a
Escola das Américas não passou
para a história como um centro
de instrução militar qualquer, e
sim como um centro de formação
de quadros militares para as ditaduras latino-americanas.
Hoje com 47 anos, já reformado
no Exército e com a experiência
política de quase uma década
ocupando a Prefeitura de Cochabamba, Manfred tem de passar a
quase toda hora por uma bateria
de insinuações.
"Sofri uma "guerra suja" durante
a campanha", afirmou à Folha.
"Sou um político novo", diz
sempre, quase como se afirmasse
ser um cristão-novo, um convertido. "Capitão do povo", diz a sua
propaganda eleitoral.
A "guerra suja", segundo ele, foi
desde insinuar que sua campanha
seria financiada pela seita do reverendo Moon, a qual, assim como
no Mato Grosso do Sul, vem investindo em terras na Bolívia, até
dizer que Reyes fora beneficiado
pela ditadura.
Filho de um general que foi o
homem forte da ditadura de Luis
García Mesa (1980-81), o então capitão Reyes ocupou vários cargos
no exterior, inclusive como adido
militar em Washington -até isso
virou motivo de debate.
Apesar da experiência administrativa -sua popularidade em
Cochabamba é enorme, tendo ele
sido reeleito três vezes consecutivas-, o ex-militar é visto como
um "outsider", não carregando
nos ombros o descrédito pelo
qual passa a classe política.
Apesar de ter apoiado o general
Hugo Banzer quando o ex-ditador voltou ao poder, em 1997,
desta vez pelo voto, Reyes Villa
pulou para a oposição quando resolveu apoiar um movimento antiprivatização em Cochabamba.
Seu partido, a Nova Força Republicana, deve fazer de 7 a 12 senadores e mais de 30 deputados,
desbancando os tradicionais
MNR (Movimento Nacionalista
Revolucionário) e MIR (Movimento da Esquerda Revolucionária) no Parlamento.
Não será suficiente para garantir o segundo turno, caso sejam
confirmadas as projeções que o
colocam ao lado de Sánchez de
Lozada na disputa.
"Outsider"
Reyes Villa é populista, filho de
um político de direita, tido como
"outsider" -apesar de participar
há muito do jogo político- e jovem. O candidato também é dado
a arroubos temperamentais, ligado a atividades esportivas e promete acabar com a corrupção.
Para que o leitor não confunda
o perfil com o de Fernando Collor, é bom lembrar que Manfred
Reyes Villa prometeu nunca se
aliar àqueles que professam o modelo neoliberal.
(RU)
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