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Obama apóia livre comércio, diz assessor
Jason Furman afirma que os reparos do democrata ao Nafta não significam que ele seja protecionista
DO "FINANCIAL TIMES"
Jason Furman, diretor de política econômica do candidato
democrata à Presidência dos
EUA diz que uma administração de Barack Obama marcará
uma "quebra" com a política
econômica seguida pelos EUA
nos últimos anos e procurará
fechar acordos que ajudem a
superar o crescente ceticismo
do país quanto à globalização.
Muitos observadores vêm
expressando receios quanto à
fidelidade de Obama aos acordos comerciais existentes, como o Nafta (com Canadá e México), que ele prometeu renegociar para aprimorar proteções trabalhistas e ambientais.
Tanto o Canadá quanto o
México vêm manifestando ansiedade em relação à promessa
de Obama de rever o acordo.
Mas Furman, ex-funcionário
da administração Clinton que
entrou para a campanha de
Obama no início deste mês, insistiu que Obama é "partidário
do livre comércio" e está "firmemente engajado com o sistema de comércio multilateral".
Isso não significa que ele vá
diluir sua promessa de rever o
Nafta. "Obama crê que os benefícios do Nafta foram exagerados quando apresentados ao
público e que o acordo custou
um número significativo de
empregos em muitas comunidades e muitos setores da economia", disse Furman.
"Isso acabou aumentando o
ceticismo com que os americanos vêem o livre comércio.
Aprimorar o Nafta requer uma
quebra com as políticas comerciais dos últimos anos, mas não
uma quebra com o comércio
com o mundo. Confiamos que
conseguiremos trabalhar com
o Canadá e o México para encontrar uma maneira de emendar o Nafta que atenda aos interesses dos três países."
Furman disse que os detalhes da reformulação do Nafta
ainda não foram acertados e
mostrou-se cético quando às
perspectivas de reativação da
Rodada Doha de negociações
comerciais mundiais. "É impossível falar da visão do senador Obama sobre um acordo
que não existe", explicou. "Ele
não quer se distanciar do mundo -quer se distanciar da política comercial fracassada do
presidente Bush."
Globalização
Furman traçou um quadro
de uma administração que deve
recalibrar a abordagem dos
EUA sobre a globalização, tanto
emendando sua postura comercial quanto reforçando o
investimento na classe média,
que descreveu como motor do
crescimento dos EUA.
O objetivo de uma possível
administração Obama, disse
Furman, será fazer a globalização funcionar para a maioria
dos americanos. "A globalização vem criando um conjunto
crescente de desafios. Ela é a
fonte da força econômica dos
EUA, mas muitos de seus benefícios foram capturados pelos
setores mais bem-sucedidos,
enquanto outros setores foram
deixados para trás, levando ao
aumento da desigualdade."
Ele falou com escárnio sobre
os efeitos sobre a classe média
da política econômica de Bush
e sobre o adversário de Obama,
John McCain, que descreveu
como alguém "que não vem falando com franqueza sobre as
escolhas que nos confrontam".
Furman observou que a renda
média das famílias americanas
hoje é inferior em quase
US$1.000 ao que era em 2001.
"Não há nada na política fiscal de Bush que Obama vá querer imitar. Essa política levou
ao enfraquecimento significativo da economia dos EUA."
Entre as prioridades de Obama estará a restauração dos níveis de investimento público
nas pesquisas científicas básicas, na educação para a classe
média e na criação de um sistema de seguro-saúde universal.
Furman também apontou
para um contraste com os planos fiscais de McCain. "Esta
corrida não diz respeito a quem
vai reduzir impostos. A questão
é de quem se vai reduzir os impostos. Obama quer diminuir
os impostos pagos pelas famílias de classe média; McCain, os
impostos pagos pelas empresas
e as famílias de alta renda."
Tradução de CLARA ALLAIN
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