São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 2008

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Obama apóia livre comércio, diz assessor

Jason Furman afirma que os reparos do democrata ao Nafta não significam que ele seja protecionista

DO "FINANCIAL TIMES"

Jason Furman, diretor de política econômica do candidato democrata à Presidência dos EUA diz que uma administração de Barack Obama marcará uma "quebra" com a política econômica seguida pelos EUA nos últimos anos e procurará fechar acordos que ajudem a superar o crescente ceticismo do país quanto à globalização.
Muitos observadores vêm expressando receios quanto à fidelidade de Obama aos acordos comerciais existentes, como o Nafta (com Canadá e México), que ele prometeu renegociar para aprimorar proteções trabalhistas e ambientais.
Tanto o Canadá quanto o México vêm manifestando ansiedade em relação à promessa de Obama de rever o acordo.
Mas Furman, ex-funcionário da administração Clinton que entrou para a campanha de Obama no início deste mês, insistiu que Obama é "partidário do livre comércio" e está "firmemente engajado com o sistema de comércio multilateral".
Isso não significa que ele vá diluir sua promessa de rever o Nafta. "Obama crê que os benefícios do Nafta foram exagerados quando apresentados ao público e que o acordo custou um número significativo de empregos em muitas comunidades e muitos setores da economia", disse Furman.
"Isso acabou aumentando o ceticismo com que os americanos vêem o livre comércio.
Aprimorar o Nafta requer uma quebra com as políticas comerciais dos últimos anos, mas não uma quebra com o comércio com o mundo. Confiamos que conseguiremos trabalhar com o Canadá e o México para encontrar uma maneira de emendar o Nafta que atenda aos interesses dos três países."
Furman disse que os detalhes da reformulação do Nafta ainda não foram acertados e mostrou-se cético quando às perspectivas de reativação da Rodada Doha de negociações comerciais mundiais. "É impossível falar da visão do senador Obama sobre um acordo que não existe", explicou. "Ele não quer se distanciar do mundo -quer se distanciar da política comercial fracassada do presidente Bush."

Globalização
Furman traçou um quadro de uma administração que deve recalibrar a abordagem dos EUA sobre a globalização, tanto emendando sua postura comercial quanto reforçando o investimento na classe média, que descreveu como motor do crescimento dos EUA.
O objetivo de uma possível administração Obama, disse Furman, será fazer a globalização funcionar para a maioria dos americanos. "A globalização vem criando um conjunto crescente de desafios. Ela é a fonte da força econômica dos EUA, mas muitos de seus benefícios foram capturados pelos setores mais bem-sucedidos, enquanto outros setores foram deixados para trás, levando ao aumento da desigualdade."
Ele falou com escárnio sobre os efeitos sobre a classe média da política econômica de Bush e sobre o adversário de Obama, John McCain, que descreveu como alguém "que não vem falando com franqueza sobre as escolhas que nos confrontam".
Furman observou que a renda média das famílias americanas hoje é inferior em quase US$1.000 ao que era em 2001.
"Não há nada na política fiscal de Bush que Obama vá querer imitar. Essa política levou ao enfraquecimento significativo da economia dos EUA." Entre as prioridades de Obama estará a restauração dos níveis de investimento público nas pesquisas científicas básicas, na educação para a classe média e na criação de um sistema de seguro-saúde universal.
Furman também apontou para um contraste com os planos fiscais de McCain. "Esta corrida não diz respeito a quem vai reduzir impostos. A questão é de quem se vai reduzir os impostos. Obama quer diminuir os impostos pagos pelas famílias de classe média; McCain, os impostos pagos pelas empresas e as famílias de alta renda."


Tradução de CLARA ALLAIN


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