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Gabinete israelense aceita fazer acordo com Hizbollah
Presos libaneses e palestinos serão soltos em troca de cadáveres de soldados
Críticos do acerto afirmam que o trato pode incentivar as milícias a seqüestrarem mais soldados de Israel e a matarem os prisioneiros
DA REDAÇÃO
O governo de Israel concordou ontem em libertar um
guerrilheiro libanês condenado
à prisão perpétua em troca dos
corpos de dois soldados mortos
por guerrilheiros do grupo radical xiita libanês Hizbollah.
O acordo, mediado pela Alemanha, dá uma rara vitória política ao premiê israelense,
Ehud Olmert, cujo cargo está
ameaçado por suspeitas de corrupção, e coloca um fecho, ainda que precário, à guerra que
Israel lançou contra a milícia
extremista xiita dois anos atrás.
Críticos, entretanto, afirmam que o alto preço pago poderá incentivar as milícias que
combatem Israel a matar soldados cativos. Dizem, também,
que o Hizbollah vai aproveitar a
ocasião para declarar vitória.
O gabinete israelense aprovou a troca por 22 votos contra
3. O governo receberá os corpos
de Ehud Goldwasser and Eldad
Regev, capturados pelo Hizbollah em 2006, numa incursão
que deu início a um mês de intensos combates. Pouco antes
da reunião do gabinete, Olmert
anunciou pela primeira vez que
os soldados estavam mortos.
Apesar disso, pediu a aprovação do acordo, citando o compromisso moral de Israel com
soldados mortos e cativos.
"Desde crianças somos ensinados que não abandonamos
nossos feridos no campo de batalha e que não deixamos nossos soldados no cativeiro sem
fazer tudo o que podemos para
libertá-los", disse.
Israel também receberá partes de corpos de outros soldados mortos na guerra do Líbano e um relatório completo do
Hizbollah sobre Ron Arad, um
piloto israelense que está desaparecido desde que seu avião
caiu no Líbano, em 1986.
Assassinato cruel
A parte mais difícil do acordo
é a soltura de Samir Kantar. Ele
cumpre prisão perpétua por,
em 1979, ter matado um israelense de 28 anos, sua filha, de
quatro, e um policial.
Segundo testemunhas, Kantar arremessou a cabeça da menina contra uma pedra e esmagou seu crânio com a coronha
do rifle. O ataque é considerado
pelos israelenses um dos mais
cruéis da história.
A mãe da menina, tentando
silenciar os gritos de sua outra
filha, de dois anos, enquanto
Kantar atacava o apartamento,
sufocou-a acidentalmente.
Ontem, a mãe, Smadar Haran Kaiser, disse que se sentia
arrasada com a decisão, mas
que a compreendia.
Israel também concordou
em libertar quatro outros prisioneiros libaneses, dezenas de
corpos e um número não revelado de prisioneiros palestinos.
Críticos argumentam que a
troca de Kantar por corpos representa um precedente perigoso, pois oferece a grupos extremistas maior incentivo para
capturar soldados e menos razões para mantê-los vivos.
Israel negocia também um
acordo com o grupo palestino
Hamas para a libertação do sargento Gilad Schalit, capturado
em 2006. Há indícios de que
Schalit esteja vivo.
Com agências internacionais
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