São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Referendo é só para ratificar Uribe até 2010, diz ministro

Auxiliar do presidente colombiano nega que ele esteja buscando uma brecha para estender seu mandato além do prazo previsto

Titular da pasta do Interior diz que consulta popular é única maneira de devolver a mandatário legitimidade, hoje abalada por denúncias

DA REDAÇÃO

O referendo que o governo de Álvaro Uribe quer aprovar no Congresso colombiano para autorizar a repetição das eleições presidenciais de 2006 servirá apenas para legitimar a permanência do presidente no cargo até o fim de seu mandato, em agosto de 2010, e não para estender esse mandato, disse ontem em entrevista ao jornal "El Tiempo" o recém-empossado ministro de Interior e Justiça, Fabio Valencia Cossio.
Uribe anunciou que enviaria ao Congresso um projeto para convocar o referendo na última quinta-feira, depois que a Corte Suprema de Justiça solicitou ao Tribunal Constitucional que revisasse a decisão na qual considerou legal a emenda que permitiu a reeleição do mandatário, em 2006.
A solicitação da Corte veio após a condenação a quatro anos de prisão da ex-senadora Yidis Medina, que revelou ter recebido promessa de benesses do governo em troca do seu voto na comissão que analisou a criação da reeleição. Na sexta, a Procuradoria Geral denunciou o ministro da Proteção Social, Diego Palacio, e quatro ex-integrantes do governo Uribe por suposta participação na compra do voto de Medina.
Na entrevista ao "El Tiempo", o ministro Valencia disse: "O que estamos buscando é não permitir a deslegitimação do período 2006-2010. O projeto não tem nenhum outro alcance. O que acontece é que a oposição sempre busca fatores negativos". Após o anúncio de Uribe, oposicionistas acusaram o presidente de estar tentando instaurar uma "ditadura populista" e de buscar uma brecha para ampliar seu mandato sem precisar aprovar no Congresso emenda permitindo uma segunda reeleição.
Valencia disse que a pergunta a ser feita no referendo será: "Você está de acordo que a eleição presidencial de 2006 se repita para consolidar a autoridade presidencial e fortalecer a democracia?". Ele garantiu que o governo fará campanha para o voto no "sim".
"Repetir as eleições é a única maneira que temos para pôr fim a essa avalanche de situações que está levando a uma diminuição da autoridade presidencial", disse o ministro.
Oposicionistas e analistas criticaram a sugestão do referendo por entenderem que ela não resolve a questão de fundo, já que o que está em questão não é a legitimidade da eleição de Uribe, mas sim a legalidade da possibilidade de que ele pudesse se candidatar.
Valencia disse que, apesar do governo estar usando o termo repetição, novos postulantes poderão se candidatar -já que os principais adversários de Uribe em 2006 anunciaram que não têm intenção de participar de um novo pleito.
"O que acontece é que a oposição tem medo, porque sabe que, frente a uma ratificação da eleição, o presidente teria uma maioria abrumadora, que superaria seu recorde de 2006", disse Valencia.
Naquele ano, Uribe obteve o segundo mandato com 62% dos votos. Atualmente, as pesquisas de opinião indicam que ele tem aprovação superior a 80%.



Texto Anterior: Coréia do Sul: Protesto contra carne param montadoras
Próximo Texto: Trato com Bolívia por mar avança "sem pausa nem pressa", diz Chile
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.