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Referendo é só para ratificar Uribe até 2010, diz ministro
Auxiliar do presidente colombiano nega que ele esteja buscando uma brecha para estender seu mandato além do prazo previsto
Titular da pasta do Interior diz que consulta popular é única maneira de devolver a mandatário legitimidade, hoje abalada por denúncias
DA REDAÇÃO
O referendo que o governo de
Álvaro Uribe quer aprovar no
Congresso colombiano para
autorizar a repetição das eleições presidenciais de 2006 servirá apenas para legitimar a
permanência do presidente no
cargo até o fim de seu mandato,
em agosto de 2010, e não para
estender esse mandato, disse
ontem em entrevista ao jornal
"El Tiempo" o recém-empossado ministro de Interior e Justiça, Fabio Valencia Cossio.
Uribe anunciou que enviaria
ao Congresso um projeto para
convocar o referendo na última
quinta-feira, depois que a Corte
Suprema de Justiça solicitou ao
Tribunal Constitucional que
revisasse a decisão na qual considerou legal a emenda que permitiu a reeleição do mandatário, em 2006.
A solicitação da Corte veio
após a condenação a quatro
anos de prisão da ex-senadora
Yidis Medina, que revelou ter
recebido promessa de benesses
do governo em troca do seu voto na comissão que analisou a
criação da reeleição. Na sexta, a
Procuradoria Geral denunciou
o ministro da Proteção Social,
Diego Palacio, e quatro ex-integrantes do governo Uribe por
suposta participação na compra do voto de Medina.
Na entrevista ao "El Tiempo", o ministro Valencia disse:
"O que estamos buscando é não
permitir a deslegitimação do
período 2006-2010. O projeto
não tem nenhum outro alcance. O que acontece é que a oposição sempre busca fatores negativos". Após o anúncio de
Uribe, oposicionistas acusaram
o presidente de estar tentando
instaurar uma "ditadura populista" e de buscar uma brecha
para ampliar seu mandato sem
precisar aprovar no Congresso
emenda permitindo uma segunda reeleição.
Valencia disse que a pergunta a ser feita no referendo será:
"Você está de acordo que a eleição presidencial de 2006 se repita para consolidar a autoridade presidencial e fortalecer a
democracia?". Ele garantiu que
o governo fará campanha para
o voto no "sim".
"Repetir as eleições é a única
maneira que temos para pôr
fim a essa avalanche de situações que está levando a uma diminuição da autoridade presidencial", disse o ministro.
Oposicionistas e analistas
criticaram a sugestão do referendo por entenderem que ela
não resolve a questão de fundo,
já que o que está em questão
não é a legitimidade da eleição
de Uribe, mas sim a legalidade
da possibilidade de que ele pudesse se candidatar.
Valencia disse que, apesar do
governo estar usando o termo
repetição, novos postulantes
poderão se candidatar -já que
os principais adversários de
Uribe em 2006 anunciaram
que não têm intenção de participar de um novo pleito.
"O que acontece é que a oposição tem medo, porque sabe
que, frente a uma ratificação da
eleição, o presidente teria uma
maioria abrumadora, que superaria seu recorde de 2006", disse Valencia.
Naquele ano, Uribe obteve o
segundo mandato com 62% dos
votos. Atualmente, as pesquisas de opinião indicam que ele
tem aprovação superior a 80%.
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