DE CARACAS

A oposição boliviana voltou a pregar ontem a desobediência civil contra o presidente Evo Morales, desta vez em resposta à convocação na véspera de um referendo em 7 de dezembro para ratificar a nova Constituição do país, escrita e aprovada no ano passado apenas por constituintes governistas.
O ex-presidente Jorge Quiroga (2001-2002), líder do partido direitista Podemos, disse que a convocação é "um chamado à guerra civil". O governador cruzenho, Rubén Costas, acusou Morales de "sepultar por decreto a democracia" -ele promete não permitir a realização do referendo em Santa Cruz. Um comitê de Chuquisaca ameaçou ontem seguir o exemplo de outros departamentos governados pela oposição e pedir a convocação de referendo autonomista.
O decreto de Morales foi promulgado anteontem à noite. O enfrentamento entre o presidente e os governadores fez o país mergulhar numa grave crise política desde do ano passado, quando a Constituição foi aprovada em meio a violentos protestos promovidos pela oposição.
Ontem, Morales empossou aliados como governadores interinos de La Paz e Cochabamba, em substituição aos oposicionistas que tiveram os mandatos revogados em referendo. Novas eleições acontecerão em dezembro. (FABIANO MAISONNAVE)