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União Européia não votará punições contra Moscou
Bloco recuou das sanções por temer represálias no fornecimento de petróleo
UE terá reunião de cúpula na
segunda-feira em Bruxelas e
deverá condenar presença
militar russa no território
da Geórgia depois da guerra
DA REDAÇÃO
Os governantes dos 27 países
da União Européia não adotarão sanções econômicas contra
a Rússia durante a reunião extraordinária sobre a Geórgia
que terão segunda-feira em
Bruxelas, recuando do plano de
confronto com seu grande fornecedor de gás e petróleo.
Anteontem, o chefe da diplomacia francesa, Bernard
Kouchner, afirmara que sanções estavam em estudo. Mas
ele ontem voltou atrás. A França exerce a Presidência rotativa
do bloco europeu.
A Alemanha e a Itália desde o
início se opunham a punir economicamente a Rússia pelo reconhecimento unilateral, terça-feira, da independência da
Ossétia do Sul e da Abkházia,
territórios que pela lei internacional fazem parte da Geórgia.
Dependência energética
A Rússia exporta um terço do
petróleo e 40% do gás consumido na UE. A Finlândia, a Eslováquia e a Bulgária dependem
dos russos em mais de 90% do
gás para as suas indústrias e para a calefação doméstica.
Segundo a Reuters, diplomatas europeus receberam do
Kremlin o recado de que a Rússia revidaria caso fosse objeto
de punições econômicas, mas
Moscou negou informações do
governo britânico de que cogitava diminuir o fluxo de matérias-primas energéticas.
Em entrevista ontem a uma
TV alemã, o primeiro-ministro
russo, Vladimir Putin, disse
que seu país não temia sanções
e alertou a União Européia a
não se alinhar aos interesses
dos Estados Unidos -que reagiram de modo duro contra o
Kremlin, embora anteontem a
Casa Branca afirmasse não cogitar "ainda" adotar sanções.
Os países da UE que mais insistiam nelas -Polônia, Letônia, Lituânia e Estônia- amenizaram suas retóricas. "Mais
importante que punir a Rússia
é mantermos na UE uma posição unitária", disse a chanceler
lituana, Petras Vaitiekunas.
Baixando o tom, o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk,
disse apenas que os europeus
talvez devam pensar duas vezes
antes de confirmar o convite ao
presidente russo, Dmitri Medvedev, para participar da reunião de cúpula do bloco, em novembro, na cidade de Nice.
Diplomatas envolvidos na
preparação da cúpula de depois
de amanhã disseram ter sido
descartadas restrições à emissão de vistos para cidadãos russos ou mesmo o congelamento
dos depósitos de russos em
bancos europeus.
Assessores de Sarkozy disseram que o encontro deverá
condenar sem ambigüidades a
presença militar russa na Geórgia e proporá o envio de um
grupo civil de monitoramento.
O conflito eclodiu no último
dia 7, quando a Geórgia invadiu
a Ossétia do Sul, que desde 1992
estava por acordos internacionais sob a tutela russa. Em resposta, os russos retomaram
aquele território e ocuparam
outras regiões georgianas. O
acordo de cessar-fogo, negociado seis dias depois pela UE,
permite que tropas russas ocupem na Geórgia apenas uma
zona-tampão junto às divisas
da Ossétia do Sul e da Abkházia.
Ruptura de relações
O governo georgiano anunciou ontem a ruptura das relações diplomáticas com Moscou. Mas, segundo a agência
Efe, aquele país manterá abertos os seus consulados em cidades russas.
O presidente do Parlamento
da Ossétia do Sul, Znaur Gassiyev, afirmou que ao longo de
"alguns anos" a Rússia incorporaria aquele território, e que o
assunto foi tratado no início da
semana entre Eduard Kokoiti,
presidente sul-ossetiano, e o
russo Medvedev. O Kremlin, no
entanto, minimizou a existência desse plano e disse "não ter
informação" a respeito.
Com agências internacionais
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