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Olmert deixa governo após eleições em seu partido
Premiê israelense está sob pressão devido a casos de corrupção e baixa popularidade
Sucessão interna, marcada para 17 de setembro, tenta evitar a antecipação das legislativas de 2010, em que o direitista Likud é favorito
DA REDAÇÃO
O premiê israelense, Ehud
Olmert, anunciou ontem que
renunciará ao cargo assim que
seu partido, o Kadima, escolher
um novo líder, em 17 de setembro. "Decidi não concorrer nas
primárias do Kadima e pretendo não interferir nas eleições.
Assim que um novo líder for escolhido, renunciarei", disse.
Olmert, 62, ocupa o cargo
desde janeiro de 2006, quando
Ariel Sharon entrou em coma
após sofrer hemorragia cerebral, estado no qual se encontra
até hoje. Então vice-premiê, ele
assumiu de forma interina. Depois de dois meses, com a vitória do recém-criado Kadima, de
centro-direita, nas eleições legislativas, foi conduzido oficialmente à chefia do governo.
Há meses o premiê vinha resistindo à pressão dentro e fora
do governo pela renúncia. Uma
das mais proeminentes críticas
era sua vice, a chanceler Tzipi
Livni, cotada para sucedê-lo.
Embora nunca tenha tido a
estatura política nem a força de
seu antecessor -general de papel tão proeminente quanto
controverso na história do
país-, Olmert viu seu pouco
capital político derreter com a
malsucedida guerra contra o
grupo radical xiita libanês Hizbollah, em meados de 2006.
O conflito de 34 dias foi considerado um fracasso do lado
israelense. Além de as forças do
país -dono do melhor aparato
militar da região- não conseguirem enfraquecer a milícia,
cerca de mil pessoas morreram
-a maioria, civis libaneses, mas
também dezenas de militares
israelenses. O saldo foi a queda
do ministro da Defesa, o trabalhista Amir Peretz, e a derrocada da popularidade de Olmert
para menos de 20%, patamar
em que permanece até hoje.
A situação do premiê pioraria nos meses seguintes, com o
envolvimento de seu nome em
um esquema de arrecadação
ilegal de campanha, ainda do
tempo em que foi prefeito de
Jerusalém e ministro da Indústria e Comércio. Em maio, o milionário americano Morris Talansky disse ter entregado, em
15 anos, US$ 150 mil a ele.
Olmert nega as acusações e,
em mais de uma oportunidade,
disse que renunciaria ao cargo
apenas se fosse condenado.
Cenário
O anúncio da renúncia ocorre quando pareciam evoluir,
ainda que lentamente, negociações de paz com a Síria e com os
palestinos. Teme-se que a troca
de liderança israelense comprometa esses processos.
Em encontro em Washington ontem, a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice,
a chanceler Livni, e o negociador palestino, Saeb Erekat, prometeram que vão tentar cumprir o cronograma acertado em
2007 e chegar a um acordo de
paz neste ano. Olmert descartara o prazo dois dias antes.
Seu sucessor -além de Livni
é cotado o ministro dos Transportes, Shaul Mofaz- terá como missão recompor a frágil
coalizão governista, da qual faz
parte o Partido Trabalhista, de
centro-esquerda. Se fracassar,
serão antecipadas as eleições
legislativas de 2010.
Nesse caso, o ex-premiê linha-dura Benjamin Netanyahu
(1996-1999), do Likud, é o favorito. Pesquisa publicada ontem
pelo jornal "Haaretz" lhe dá
36% das intenções de voto,
contra 24,6% de Tzipi Livni e
11,9% do ex-premiê trabalhista
Ehud Barak.
Com agências internacionais
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