São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 2008

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Entrevista

"Nunca sairei daqui sem o meu filho"

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Escondida em casa de parentes, Nariman O. C. falou, por telefone, com a Folha. (T.S.)

FOLHA - Como você se sentiu quando, no aeroporto, disseram que você e seu filho estavam impedidos de viajar?
NARIMAN O. C.
- Foi um choque. Eu estava ansiosa para voltar ao Brasil e fugir da violência do meu marido. Me senti ainda mais deprimida.

FOLHA - Você sofreu ameaças de morte do seu marido?
NARIMAN
- Sim, certa vez ele colocou uma faca na minha barriga, e eu estou grávida de quatro meses.
Senti muito medo e resolvi que era hora de tomar uma decisão definitiva.

FOLHA - Como seu filho está reagindo a tudo isso?
NARIMAN
- Ele está muito deprimido. Quando falamos no pai, ele chora e mostra sinais de medo.

FOLHA - Pelas leis do Líbano, a guarda dos filhos fica com o pai. O que você fará se não puder tirar seu filho do país?
NARIMAN
- Nunca sairei sem meu filho. Prefiro, então, morar no Líbano e viver escondida. Aqui eu não tenho proteção legal do governo libanês, quem decide é o tribunal religioso que dificilmente se coloca a favor da mulher.

FOLHA - Como é viver escondida?
NARIMAN
- Eu fico com medo de que meu marido me encontre. Eu só confio nos meus parentes, na ONG que está me dando apoio. Também confio muito no governo brasileiro. O consulado vem acompanhando meu caso com meu advogado.


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