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Em busca de diferencial, centros de compras dão espaço para negócios como clínicas, chaveiros e bufês
Shopping abre alas para os serviços
JULIANA GARÇON
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Encomendar cópias de chaves,
levar roupas à lavanderia ou à
costureira, receber uma massagem, colher sangue para exames
ou até ser atendido por um dentista. A proliferação desses e de
outros serviços em shopping centers traz novo significado aos centros de consumo: agora, o objetivo é resolver diversas pendências
do cliente de uma só vez, retendo-o no estabelecimento.
De dezembro de 2001 a fevereiro deste ano, o espaço ocupado
por lojas de serviços e de conveniência nos shoppings brasileiros
subiu de 5,8% para 6,3% da área
total, conforme pesquisa realizada pela ACNielsen com 35 shoppings de todo o país por encomenda da Associação Brasileira
de Shopping Centers (Abrasce),
que congrega 165 centros do tipo.
Como as unidades de serviços
têm geralmente dimensões reduzidas, entre 10 m2 e 20 m2, o suave
incremento aponta para o surgimento de grande número de lojas.
Na cidade de São Paulo, a maioria dos centros de compras vem
assistindo nos últimos dez anos à
multiplicação de prestadores de
serviços (veja quadro ao lado). A
tendência deve se reproduzir
também em cidades menores,
afirma Nabil Sahyoun, 52, presidente da Associação Brasileira de
Lojistas de Shopping (Alshop).
Segundo Sahyoun, os shoppings detectaram "o desejo do
consumidor de fortalecimento
das áreas de lazer, de entretenimento e de serviços" e por isso investem na área. "É um meio de
criar diferenciais competitivos."
Pouco tempo
O coordenador de cursos e pesquisas do Provar (Programa de
Administração do Varejo, da
USP), Luiz Paulo Lopes Favero,
28, concorda. "O shopping não
pode cair numa vala comum."
Para Marcel Solimeo, diretor de
economia da Associação Comercial de São Paulo, "a oferta de serviços complementa atividades de
outros campos, potencializando o
comércio", o que acaba sendo benéfico para ambos os lados.
Pesquisa do Provar concluída
em 2000 mostra que a intenção de
compra em shopping centers aos
domingos passou de 36% para
51%. O crescimento beneficia
também o prestador de serviços.
"Os serviços são consumidos
em uma situação de venda casada", diz Favero. "O consumidor
"sente" menos o tempo e o dinheiro que está gastando num chaveiro quando não vai ao local apenas
para duplicar uma chave, mas
também para comprar outra coisa, divertir-se ou comer", analisa.
Custos altos
Se tem chances de receber mais
clientes instalando-se num shopping, alertam os especialistas, o
empreendedor também precisa
enfrentar custos mais altos, já que
pagará aluguel, condomínio e
fundo de publicidade. "Ele precisa verificar suas possibilidades de
retorno a curto, médio e longo
prazo", afirma o coordenador de
pesquisas do Provar.
O lado positivo é que o consumidor aceita pagar um pouco
mais para garantir o conforto. "O
varejista tem de enxergar que tem
um diferencial. Não pode pensar
que está competindo com alguém
que está instalado na rua. E por isso não tem de cobrar preços idênticos", ressalta Favero.
"O empresário acaba trabalhando com preços mais altos. O consumidor percebe, mas está disposto a pagar", concorda a consultora Renata Aisen, 28, da Integration Consultoria Empresarial.
"Mas também não pode ficar 50%
ou 100% mais caro", ressalva. Para driblar essa dificuldade, ela sugere que os prestadores de serviços trabalhem próximos e, se possível, compartilhando materiais.
A diferença de custos varia conforme a região. Marcos Sérgio de
Oliveira Novaes, superintendente
do Centro Comercial Leste Aricanduva (na zona leste), que congrega, além de um shopping convencional, um voltado apenas para veículos e outro exclusivamente para móveis, defende que os
custos de operação podem ficar
até 15% mais baixos para prestadores de serviços instalados nos
corredores de centros comerciais.
"Se contar segurança, manutenção, limpeza, estacionamento, taxas e outros custos da operação
em pontos tradicionais, o empreendedor verifica que trabalhar
em um shopping center compensa financeiramente", calcula.
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