São Paulo, domingo, 01 de dezembro de 2002


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Criar relação de parceria com os fornecedores ajuda a manter a competitividade

Ajuste é melhor que reajuste

DA REPORTAGEM LOCAL

Inaugurar um canal de diálogo com os fornecedores, buscar parcerias com outros comerciantes do setor e continuar viabilizando preços mais acessíveis para o consumidor são as principais dicas de especialistas para o atual período de turbulência nos preços.
"Como a redução da margem de lucro se tornou praticamente inevitável, o varejista precisa agora criar fórmulas para aumentar o giro de produtos", diz a consultora de varejo Celina Kochen, 42.
Ela acredita que, apesar da alta generalizada de custos, o momento deve levar os comerciantes a construir "relações mais humanas" com os responsáveis pelo fornecimento. "Quem vende está sob pressão maior, mas a situação é ameaçadora para todos. Só o diálogo levará a soluções viáveis."

Bonificação
Ricardo Martins, 35, diretor da Prospect Promoções -distribuidora da marca escocesa de destilados Grant's em São Paulo-, apostou no diálogo com fornecedores e conseguiu criar uma estratégia de bonificação que vem garantindo a manutenção dos preços para a sua clientela.
"Estamos concedendo bônus de até 20% para bares e restaurantes. O desconto permite que continuem comprando pelos valores antigos. Assim, não precisam alterar o preço da dose em seus cardápios", esclarece Martins.
Graças à medida, a Prospect vem conseguindo contornar o impasse de comercializar um produto importado sem poder seguir a velocidade da desvalorização cambial. "Não sofremos redução nas vendas e ainda conquistamos novos clientes", diz o diretor.
Cláudio Felisoni, do Provar (Programa de Administração do Varejo da USP), comenta que a construção de uma solução satisfatória a ambos os lados é essencial para que o pequeno varejista não se torne menos competitivo. "É também o caminho para continuar tendo giro."
Wilson Hiroshi Tanaka, do sindicato de varejistas de gêneros alimentícios, diz acreditar que a alta de preços é apenas temporária.
"É provável que os valores voltem a cair. O comerciante deve observar se está conseguindo esvaziar as prateleiras e fazer novas compras. Só assim será possível reverter a onda de inflação."
Evitar desespero é consenso entre os especialistas. "Não estamos voltando ao passado, quando quem não comprava hoje pagava mais caro amanhã", diz Tanaka.



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