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Segundo autor, potencial de funcionários para colaborar na geração de soluções é mal aproveitado
Administração criativa ainda é rara
TATIANA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Ex-executivo de grandes empresas como Bayer do Brasil,
Kolynos e Thompson Propagandas, o consultor de gestão Antonio Carlos Teixeira da Silva lançou, no final de 2003, livro que introduz a capacidade de ter idéias
inovadoras como diferencial
competitivo para as empresas de
todos os setores e portes.
Com o título de "Inov-Ação -
Como Criar Idéias que Geram Resultados", a publicação da editora
Qualitymark já pode ser encontrada nas livrarias do país. Em entrevista exclusiva à Folha, Silva fala sobre o que é a gestão criativa e
de que forma ela pode ser convertida em ferramenta para driblar
percalços e crises, acelerando a
obtenção de resultados.
Folha - No seu livro, a criatividade às vezes ganha ares de panacéia
para as dificuldades em atingir resultados. Mas é possível resolver
tudo apenas sendo criativo?
Antonio Carlos Teixeira da Silva -
Não se trata de uma panacéia, de
uma cura para tudo. O fato é que a
criatividade é uma capacidade
que todo ser humano tem e que
pode ser convertida numa ferramenta útil para simplificar processos e reduzir custos.
Folha - Há uma diferença entre
criatividade e inovação?
Silva - A inovação é a criatividade concretizada. No mundo de
hoje, as empresas inovadoras estão sendo mais valorizadas. A
inovação virou diferencial competitivo no mercado.
Folha - Na sua opinião, o que inibe o aproveitamento da criatividade nas empresas brasileiras?
Silva - Trata-se de todo um ciclo
que tem origem no nosso modelo
de educação. Somos habituados a
sistemas de hierarquia rígida, que
punem os erros. Além disso, a comunicação interna nas firmas
costuma ser falha e esse é o único
canal para a desova de idéias, mas
permanece obstruído. A maioria
dos gestores não está apta a aproveitar bem o potencial criativo
dos funcionários enquanto parceiros na geração de soluções.
Folha - É mais fácil chegar a uma
boa idéia a partir da produção coletiva de sugestões e da avaliação
conjunta das propostas?
Silva - Sem dúvidas. Toda grande idéia desperta temores e quando há várias opções é mais fácil
vencer o "achismo". A interferência das pessoas enriquece a avaliação de cada proposta, agrega vários pontos de vista e dá riqueza
ao projeto. Destinar uma tarde
para produzir idéias coletivamente é um atalho eficiente para contornar um problema que dificilmente seria superado se a solução
fosse encomendada a uma única
pessoa na empresa.
Folha - Quais são as sequelas de
não fomentar a geração coletiva de
idéias como estratégia de gestão?
Silva - A falta de inovação, o bloqueio para inovar. E isso tem impactos enormes, faz com que empresas e até negócios inteiros sumam do mercado. Manter uma
gestão de rotina concentra muitos
riscos. É preciso migrar para uma
administração de mudanças.
Folha - O livro traz um programa
de práticas que pode ser conduzido
em 21 dias. É possível se tornar
criativo nesse intervalo de tempo?
Silva - O que o programa propõe
é a quebra do padrão "piloto automático", da rotina acirrada e do
costume de enxergar tudo da
mesma forma. Em 21 dias é possível se desprender dessa rotina e
estrear um novo olhar sobre as
mesmas questões, mas capaz de
visualizar soluções diferentes.
Folha - Mesmo depois de despertar a criatividade e introduzi-la na
gestão, é possível voltar a inibi-la?
Silva -A criatividade é uma espécie de ginástica, requer exercícios
contínuos. A inovação não acontece no vácuo, precisa de um ambiente favorável. Pessoas satisfeitas estão mais propícias a oferecer
alternativas inovadoras. O clima
organizacional deve permitir a
manutenção da criatividade.
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