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RUMO AO NORTE
Exóticos e ambientalmente responsáveis, produtos amazônicos oferecem lucro e diferenciais de mercado
Empresários "desbravam" a Amazônia
BRUNO LIMA
ENVIADO ESPECIAL A MANAUS
Geléia de araçá-boi, suco de cupuaçu, doce de bacuri, xampu de
andiroba, creme de mulateiro e
couro de tambaqui. Tudo isso está disponível em São Paulo e rende lucro a empresários que se
aventuram na Amazônia.
O charme dos produtos dessa
região, somado a certificados
de responsabilidade ambiental
e de promoção de desenvolvimento sustentável, reforça uma
grife que tem conquistado espaço
no mercado paulistano.
"São três as marcas mais faladas
no mundo. A primeira é Deus, a
segunda é Coca-Cola e a terceira é
Amazônia", diz Davis Tenório,
37, dono da pequena empresa Espírito da Amazônia, com sede na
Vila Mariana (zona sul de São
Paulo), que utiliza produtos do
Norte na decoração de eventos e
no setor de brindes corporativos.
O Amazontech 2003, evento organizado em Manaus pelo Sebrae
(Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas) e
pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária),
chamou a atenção de empresários
de outras regiões para o potencial
da Amazônia. A feira, que terminou há uma semana, movimentou cerca de R$ 80 milhões.
Tenório, que foi à feira, voltou a
São Paulo com a parceria de uma
comunidade ribeirinha de Novo
Airão (AM) -agora pretende
oferecer o apoio de designers para
agregar valor ao artesanato feito
por lá. "Às vezes só falta um detalhe, uma embalagem bonita. É um
jeito de ter lucro e ajudar no desenvolvimento da comunidade."
Opções
A feira revelou boas oportunidades de negócio para representação, distribuição ou revenda de
produtos amazônicos. São doces,
flores exóticas, couro vegetal, móveis, cerâmicas tapajônicas e marajoaras, guaraná, derivados de
babaçu, artesanato e outros.
"A Amazônia é um universo de
possibilidades que podem ser exploradas por pequenos e grandes
empresários", afirma o presidente do Sebrae, Silvano Gianni.
Com capacidade para produzir
2.000 peças por mês, a Cor Nativa
(cornativa@bol.com.br), de Manaus -que fabrica roupas artesanais com algodão cru, usando jarina e açaí como botões e fazendo
pespontos de fibra de tucum-,
busca representantes.
A maranhense Raimunda Nonata Amorim, 53, que fabrica doces, licores e bombons de frutas
regionais usando a marca Tia Noca (0/xx/98/225-4116), participou
de rodada de negócios. "Recebi
proposta até do Carreffour", diz.
Betty Castro, presidente da Paraflor (Associação Paraense de
Floricultura e Plantas Medicinais), conta que alguns produtores aceitam pedidos de flores nativas do Xingu via internet e enviam plantas para todo o Brasil.
Rivaldo Gonçalves de Araújo,
55, produz guaraná orgânico utilizando técnicas de uma tribo indígena (agrorisa@uol.com.br).
Ele diz que está negociando contratos de distribuição e que aceita
propostas de interessados.
O jornalista Bruno Lima viajou a
Manaus a convite do Sebrae
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