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Empresário deve estar preparado para lidar com problemas como levar prejuízo e receber "nãos"
Concretizar projeto pede pé no chão
DA REDAÇÃO
Os vizinhos Fábio Delduque, 33,
proprietário da pousada Fazenda
Serrinha, e Carlos de Oliveira, 43,
dono da pizzaria Galpão Busca Vida, em Bragança Paulista (83 km
ao norte de São Paulo), resolveram
unir forças -e espaços- para
alavancar os negócios e, ao mesmo
tempo, promover a cultura na região. A solução encontrada foi a
criação do Festival de Inverno.
O projeto, que teve sua primeira
edição em 2002, inclui shows,
apresentações teatrais, oficinas e a
participação de profissionais conceituados, como os irmãos e designers Humberto e Fernando Campana, a atriz Iara Jamra e o diretor
José Celso Martinez Corrêa. Um
projeto tão audacioso exigia, evidentemente, que fossem captados
recursos na mesma proporção.
"No primeiro ano, não conseguimos muito patrocínio, os recursos vieram mais por meio de
permutas. Não é fácil conquistar o
apoio do empresariado, porém, a
cada ano, sinto que temos mais facilidade", diz Delduque.
Em 2003, empolgados com o incremento que o festival deu ao turismo e até mesmo a outros comerciantes locais, os sócios triplicaram o tamanho do evento. "Passamos de sete para 25 oficinas, o
público foi de 5.000 pessoas para
15 mil e ganhamos o apoio da Prefeitura de Bragança Paulista."
Apesar disso e do patrocínio de
comerciantes, a organização passou por um susto. "Tivemos de arcar com um prejuízo de quase R$
100 mil", calcula Delduque.
Para evitar que o mesmo ocorra
com o evento deste ano, previsto
para julho, os sócios foram atrás
do apoio de leis de incentivo à cultura, como a Lei Rouanet, e já começaram a contatar grandes empresas instaladas na região. "Ainda não há contrato fechado, mas
algumas companhias se mostraram interessadas", afirma o proprietário da Fazenda Serrinha.
Consolidação
No Açougue Cultural T-Bone, a
idéia de unir carnes a livros passou
do surreal ao concreto em pouco
tempo. Desde que abriu o açougue, há dez anos, em Brasília, Luiz
Amorim, 38, disponibiliza aos
clientes prateleiras com livros e revistas. Hoje o acervo possui 9.000
obras, todas doadas por clientes,
amigos e simpatizantes da idéia.
O desejo de contribuir com a
cultura foi crescendo, e, com ele,
os projetos. Hoje Amorim organiza o festival "Noites Culturais",
que visa divulgar artistas estreantes, toca o espaço Casa de Cultura,
que tem, em seus 200 m2, biblioteca, cinema, oficinas de teatro e artes plásticas e um jornal de circulação local. Até o ano passado, todas
essas ações eram bancadas pelo
açougue. A partir deste ano, porém, obter a ajuda de patrocinadores virou o foco do empresário.
"Agora é o momento de buscar
apoio e consolidar a ação. Como
os projetos já existem, ninguém
vai duvidar de sua qualidade, fica
mais fácil argumentar", afirma
Amorim, que tem uma equipe de
12 pessoas no açougue e 28 que
cuidam da parte cultural.
Andre Szajman, presidente da
gravadora Trama, que busca patrocinadores para vários de seus
projetos, como o Trama Universitário, já buscou patrocínio na fase
da incerteza e concorda que o
amadurecimento ajuda.
"Havia desconfiança. Não conheciam a nossa empresa nem os
artistas, e trabalhávamos com
conceitos inovadores. Foi muito
difícil transpor essa barreira, mas
as portas se abrem quando suas
idéias são consistentes", avalia.
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