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UM BRINDE AO CLIENTE
Originalidade é premissa para conquistar novos nichos; agenda mantém-se ativa pelo ano inteiro
Criatividade torna brindes lucrativos
DA REPORTAGEM LOCAL
Se existem setores em que nunca se esgotam as oportunidades
de novos negócios, o de brindes é
um deles. Afinal, quem não gosta
de receber um presentinho? Mas,
para se destacar no segmento, que
tem crescido com a multiplicação
de feiras e eventos no país, é preciso levar em consideração uma
palavra-chave: originalidade.
No intuito de descobrir um nicho lucrativo, vale tudo -de inovar na produção dos já tradicionais bonés e canetas a investir na
pesquisa de jogos antigos, como
faz a Origem Jogos Diferenciados.
"Sempre há espaço para o surgimento de novos produtos. No
ano passado, a vedete foram as
lanternas para driblar o apagão. Já
neste ano, os despertadores tiveram grande saída por causa dos
horários da Copa do Mundo",
ilustra Fábio Bom Ângelo, 44, presidente da Anfab (Associação Nacional dos Fabricantes de Brindes
e Produtos Promocionais).
E, para quem pensa que o aquecimento do setor é sazonal, aí vai a
boa nova: embora as festas de fim
de ano ainda representem o período mais lucrativo, as boas vendas já se estendem ao ano inteiro.
Segundo Bom Ângelo, o calendário da área inclui 200 datas promocionais, como o Dia da Secretária ou o Dia do Dentista; oportunidades diárias de atuação em
feiras e eventos -cerca de 700
acontecem por dia no Estado de
São Paulo, segundo a Anfab; e
lançamentos periódicos, como a
chegada do verão ou do inverno.
"Tudo depende da criatividade
de quem produz. Hoje os brindes
personalizados estão em alta, assim como os artesanais. Mas a caneta continua sendo o produto
mais solicitado pelas empresas e o
mais aceito pelo público", diz.
Planejar
Na opinião de João Abdala, 48,
consultor de marketing do Sebrae-SP, antes de embarcar no filão promissor é necessário fazer
um exaustivo levantamento e focar bem o nicho a ser trabalhado.
"A área concentra muitas oportunidades, é o exemplo de mercado que nunca vai morrer. Mas requer criatividade para conquistar
a clientela e planejamento para reduzir a margem de risco", ensina.
A prática de dar pequenos presentes remonta a um passado pré-colonial. Quando os portugueses
atracaram em terras brasileiras,
espelhos e tecidos serviram de "isca" para conquistar a simpatia
dos povos indígenas.
"O brinde é sempre uma maneira de saudar alguém e convidá-lo
ao convívio", afirma Mônica Sabino, 43, diretora comercial da
Origem Jogos Diferenciados. Entre seus produtos, ela destaca um
jogo característico da região Norte que a Vale do Rio Doce oferece
a seus visitantes estrangeiros.
A Origem pesquisa jogos antigos e desenvolve produtos que
atendem às necessidades específicas de cada cliente. Os brindes são
hoje responsáveis por 80% do faturamento total da companhia,
que também atua no varejo.
"É o nosso carro-chefe. Graças a
ele, estamos crescendo cerca de
50% ao ano", calcula Sabino.
Para produzir agendas driblando o lugar-comum, a Ativa Editorial Gráfica se especializou em
produtos temáticos. O catálogo
inclui modelos com textos sobre
anjos, zodíaco chinês ou feng
shui, por exemplo, além de opções em papel reciclado.
"Como nossos concorrentes
eram grandes, tivemos que inventar nosso próprio segmento", diz
o proprietário Roberto Bruno, 39.
Já a Scapaflow Modelismo Naval foi mais longe no quesito inovação e se especializou na produção de miniaturas de navios.
Produzidos artesanalmente pelo empresário Gilberto Pessina, os
modelos são adquiridos por companhias navais que os utilizam
para presentear visitantes e funcionários. "Cada peça custa, em
média, R$ 100", diz Pessina.
Já Sérgio Coroux, 60, sócio-proprietário da paulistana Módulo
Arte, apostou em pedras personalizadas para conquistar um nicho
no mercado empresarial. "São
brindes duradouros. Utilizamos
materiais como o cristal e o ferro
gravados a raio laser", ressalta.
Apesar de atender a cerca de
1.800 pedidos anuais e manter o
faturamento na casa dos R$ 80 mil
aos R$ 100 mil mensais, Coroux
considera que este não é o melhor
momento para o mercado.
"Já ganhamos mais. Com a crise
econômica, o brinde passa a ser
encarado como supérfluo pelas
empresas compradoras."
(TATIANA DINIZ)
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