São Paulo, domingo, 10 de novembro de 2002


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UM BRINDE AO CLIENTE

Originalidade é premissa para conquistar novos nichos; agenda mantém-se ativa pelo ano inteiro

Criatividade torna brindes lucrativos

DA REPORTAGEM LOCAL

Se existem setores em que nunca se esgotam as oportunidades de novos negócios, o de brindes é um deles. Afinal, quem não gosta de receber um presentinho? Mas, para se destacar no segmento, que tem crescido com a multiplicação de feiras e eventos no país, é preciso levar em consideração uma palavra-chave: originalidade.
No intuito de descobrir um nicho lucrativo, vale tudo -de inovar na produção dos já tradicionais bonés e canetas a investir na pesquisa de jogos antigos, como faz a Origem Jogos Diferenciados.
"Sempre há espaço para o surgimento de novos produtos. No ano passado, a vedete foram as lanternas para driblar o apagão. Já neste ano, os despertadores tiveram grande saída por causa dos horários da Copa do Mundo", ilustra Fábio Bom Ângelo, 44, presidente da Anfab (Associação Nacional dos Fabricantes de Brindes e Produtos Promocionais).
E, para quem pensa que o aquecimento do setor é sazonal, aí vai a boa nova: embora as festas de fim de ano ainda representem o período mais lucrativo, as boas vendas já se estendem ao ano inteiro.
Segundo Bom Ângelo, o calendário da área inclui 200 datas promocionais, como o Dia da Secretária ou o Dia do Dentista; oportunidades diárias de atuação em feiras e eventos -cerca de 700 acontecem por dia no Estado de São Paulo, segundo a Anfab; e lançamentos periódicos, como a chegada do verão ou do inverno.
"Tudo depende da criatividade de quem produz. Hoje os brindes personalizados estão em alta, assim como os artesanais. Mas a caneta continua sendo o produto mais solicitado pelas empresas e o mais aceito pelo público", diz.

Planejar
Na opinião de João Abdala, 48, consultor de marketing do Sebrae-SP, antes de embarcar no filão promissor é necessário fazer um exaustivo levantamento e focar bem o nicho a ser trabalhado.
"A área concentra muitas oportunidades, é o exemplo de mercado que nunca vai morrer. Mas requer criatividade para conquistar a clientela e planejamento para reduzir a margem de risco", ensina.
A prática de dar pequenos presentes remonta a um passado pré-colonial. Quando os portugueses atracaram em terras brasileiras, espelhos e tecidos serviram de "isca" para conquistar a simpatia dos povos indígenas.
"O brinde é sempre uma maneira de saudar alguém e convidá-lo ao convívio", afirma Mônica Sabino, 43, diretora comercial da Origem Jogos Diferenciados. Entre seus produtos, ela destaca um jogo característico da região Norte que a Vale do Rio Doce oferece a seus visitantes estrangeiros.
A Origem pesquisa jogos antigos e desenvolve produtos que atendem às necessidades específicas de cada cliente. Os brindes são hoje responsáveis por 80% do faturamento total da companhia, que também atua no varejo.
"É o nosso carro-chefe. Graças a ele, estamos crescendo cerca de 50% ao ano", calcula Sabino.
Para produzir agendas driblando o lugar-comum, a Ativa Editorial Gráfica se especializou em produtos temáticos. O catálogo inclui modelos com textos sobre anjos, zodíaco chinês ou feng shui, por exemplo, além de opções em papel reciclado.
"Como nossos concorrentes eram grandes, tivemos que inventar nosso próprio segmento", diz o proprietário Roberto Bruno, 39.
Já a Scapaflow Modelismo Naval foi mais longe no quesito inovação e se especializou na produção de miniaturas de navios.
Produzidos artesanalmente pelo empresário Gilberto Pessina, os modelos são adquiridos por companhias navais que os utilizam para presentear visitantes e funcionários. "Cada peça custa, em média, R$ 100", diz Pessina.
Já Sérgio Coroux, 60, sócio-proprietário da paulistana Módulo Arte, apostou em pedras personalizadas para conquistar um nicho no mercado empresarial. "São brindes duradouros. Utilizamos materiais como o cristal e o ferro gravados a raio laser", ressalta.
Apesar de atender a cerca de 1.800 pedidos anuais e manter o faturamento na casa dos R$ 80 mil aos R$ 100 mil mensais, Coroux considera que este não é o melhor momento para o mercado.
"Já ganhamos mais. Com a crise econômica, o brinde passa a ser encarado como supérfluo pelas empresas compradoras." (TATIANA DINIZ)


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