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PARA INGLÊS, JAPONÊS E AMERICANO VER E COMPRAR
Gestão verde-amarela existe, afirmam pesquisadores e empresários residentes no exterior
Brasil exporta estilo de administrar
BRUNO LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Além do já conhecido "jeitinho
brasileiro", que põe de lado as regras para obter vantagens, existe
um jeito verde-amarelo de administrar, dizem empresários e especialistas ouvidos pela Folha.
Treinado para sobreviver às
surpresas da política econômica
interna, o brasileiro teria aprendido à força a agir como um camaleão, adaptando-se a diferentes
realidades. Segundo consultores,
a habilidade está hoje entre as
mais valorizadas pelo mercado
mundial, que enfrenta turbulências de impacto globalizado.
"Está no DNA do empresário
brasileiro que a capacidade de se
adaptar é essencial para o sucesso
do negócio", afirma Martín Escobari, sócio da consultoria de estratégia empresarial Orange Advisory. "Ele precisa dar respostas
rápidas sem saber o que virá [na
política econômica]", diz Donald
Sull, professor-assistente da Harvard Business School.
Na hora de exportar esse jeito
especial de gerenciar, os brasileiros apostam em três vertentes: 1)
atender comunidades brasileiras,
vendendo produtos que "matam
a saudade" do país; 2) suprir demandas locais em países estrangeiros, descobrindo nichos de
mercado; 3) abrir filiais no exterior em um estágio avançado de
seu processo de exportação.
Leia, nesta edição, histórias de
brasileiros que investiram nesses
segmentos -e suas conclusões
em relação à iniciativa.
O Japão é um dos países que
têm atraído a atenção de empresários verde-amarelos. Eles investem em empresas para atender as
famílias de decasséguis (descendentes de japoneses residentes no
país), como escolas, e na comercialização de produtos "típicos",
como o pão francês.
Segundo os organizadores da
Expo Business, feira para fomentar os negócios entre Brasil e Japão que acontece em Nagoya no
final de maio, o país abriga cerca
de mil brasileiros donos de micro,
pequenas e médias empresas.
Mas, de acordo com os especialistas, o brasileiro ainda tem dificuldades de voltar os olhos para o
exterior. Seja com filiais de suas
empresas em outros países, seja
com a atuação globalizada da firma instalada no Brasil, o empresário tem o costume de esperar
por "uma grande oportunidade".
"As empresas acham que vai
surgir um cliente na China encomendando produtos e que o passo seguinte será abrir uma filial lá.
Não é assim. A empresa precisa
decidir que vai entrar na China.
Os clientes vêm depois", ensina
Escobari. "A globalização exige
um compromisso formal, com investimentos e metas tangíveis."
Burocracia
Quando o que está em discussão
são a papelada e as regras para
abrir e manter a empresa, o Brasil
não é visto como o país que oferece mais facilidades, tampouco é
considerado o mais burocrático.
O Japão é descrito como "bem
mais rígido". "É duro andar na linha, não existe "jeitinho". Mas tudo funciona", diz João Massuko,
53, que produz pães. Na França,
os encargos sociais e impostos são
considerados "imensos".
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