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Conquistar "gringo" faz negócio render
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Quem descobre um nicho de
mercado em um outro país e tem
mais dinheiro para investir costuma partir para a difícil tarefa de
conquistar o público estrangeiro,
em vez de se restringir às demandas da comunidade brasileira.
Entre as experiências de sucesso, estão as churrascarias-rodízio
(em diferentes cidades dos EUA),
as empresas de limpeza doméstica e de jardinagem (em Boston),
os salões de beleza (em Nova
York), as empresas de motoboys
(em Londres) e a fabricação de
pães e de salgadinhos (no Japão).
Nos EUA, churrascarias como
Plataforma (com duas unidades
em Nova York), Fogo de Chão
(com restaurantes em Dallas,
Houston, Atlanta, Chicago e, até o
fim do ano, em Beverly Hills) e
Porcão (Miami) dizem que só 5%
de seus clientes são brasileiros.
Uma das explicações é o preço.
João de Matos, 57, sócio da Plataforma, revela que a conta mínima
por pessoa gira em torno de US$
80. "Não peço passaporte para
ninguém, desde que pague os US$
47 [do rodízio, fora as bebidas, as
sobremesas e a taxa], mas sabemos que o público é de americanos", diz Arri Coser, 42, sócio da
gaúcha Fogo de Chão. "Mas quem
começou a fazer o movimento foram os brasileiros, que já nos conheciam", ressalta ele.
Já João Massuko, 53, montou no
Japão há dez anos uma fábrica de
pães, a Servipan, que faz pão francês, roscas, bolos, biscoitos de
polvilho e pão de queijo. A empresa já abastece a maior rede de
supermercados do país. "É a japonesada comprando. Hoje minha
fábrica faz 30 mil pães por dia."
Segundo ele, os japoneses estão
adquirindo o hábito de comer
pão, sobretudo por influência de
brasileiros, franceses e italianos.
Às vezes, no entanto, não é preciso descobrir um novo mercado,
basta uma idéia criativa para conseguir espaço. Em Paris, o bar,
restaurante e danceteria Favela
Chic, idealizado pela brasileira
Rosane Mazzer, 37, prepara-se
para abrir uma filial em Londres.
"Criamos um ambiente informal e apostamos em colagens
musicais. Isso pode não surpreender no Brasil, mas, na Europa, é
algo diferente e interessante."
Janete Zamboni, 29, foi do Paraná para a Itália há sete anos. Com
o marido, um arquiteto canadense, montou o De Farro, ateliê que
mistura arquitetura e design de
moda, em Roma. O negócio vai
tão bem, conta ela, que o próximo
passo é montar uma loja, já que o
ateliê não atende o consumidor final. "Já vendi [echarpes, colares]
para 20 países. O brasileiro, porém, não valoriza tanto o trabalho
quando descobre que a designer é
brasileira", diz.
(BL)
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