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São Paulo, domingo, 11 de maio de 2003


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Notoriedade rende novos clientes e também telefones congestionados por interessados em contribuições

Pedidos de ajuda "soterram" doador

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Ter o nome e o telefone de sua empresa na televisão também traz desvantagens. Empresários que viveram a experiência contam que ficaram com os telefones congestionados de pedidos -não de compra, mas de ajuda.
"Você aparece na TV e, às 8h do dia seguinte, já há gente ligando; 80% das ligações são de pedidos. Isso pode até atrapalhar as vendas, pois quem quer mesmo comprar não consegue ligar", diz Rodrigo Souza Lopes, 24, gerente da Joli Materiais para Construção, que acompanha semanalmente a audiência dos programas para decidir para onde irão suas doações.
"Temos de unir o marketing e a ajuda", diz. Nas doações de palco, a Joli leva um cheque cenográfico amarelo, que é substituído depois. "Há clientes que vêm à loja só porque nos viram na TV", afirma.
Para o professor Claudio Mello, da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), o importante é planejar a ação e ver se o produto é voltado para o público do programa. "Aparecer em rede nacional pode ser um tiro muito forte para um barco pequeno."
Myrian Abicair, 63, dona do hotel e spa Sete Voltas, em Itatiba (SP), fez doações no "Porta da Esperança" e no "Programa do Ratinho" e já respondeu a pedidos de dicas de dieta. Seu público, diz, não vê os programas. "Minha curiosidade era ver o Sílvio Santos. Gosto de ajudar. Como investimento, não compensa."
O empresário Waumy Souza, 47, da Rhama Geofísica e Paisagismo, deu emprego a um jardineiro no programa de Netinho. "Precisava mesmo de alguém", disse. Entrevistado novamente duas semanas depois, revelou que o funcionário faltara ao serviço naquele dia para aparecer em um outro programa de televisão.

"Um Dia de Rainha"
A Folha acompanhou a equipe de produção da Record na gravação do quadro que vai ao ar hoje. Tudo começa às 7h30. Josefa dos Reis, 72, mãe adotiva de 40 filhos, é a "rainha", já que a idade, pelas regras do programa, não lhe permite o título de "princesa". Aposentada, ganha R$ 200 por mês.
O dia reserva surpresas: depois de ganhar brinquedos para os netos e um plano de saúde, ela tem hora no dentista e no salão de beleza Jacques Janine. Segundo o salão, as doações são um modo de fortalecer a imagem de sua marca.
Na casa de dois cômodos, no Jardim Bela Vista, em Guarulhos, presentes são espalhados na sala de 3 m x 4 m, cenário da gravação. Crianças da vizinhança se amontoam na porta e fazem barulho. Todos, até os empresários doadores, pedem silêncio. "Quem escreveu a carta foi uma amiga. Precisava mesmo de tudo isso", diz ela.



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