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Apesar de promissora, moda infantil também traz riscos; parceria com magazines é uma opção
Firmar empresa requer maturidade
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Trabalhar alguns meses com
uma margem de lucro apertada,
investir em controle de produção
e diluir as vendas para não acabar
nas mãos de um único cliente são
cuidados essenciais para que o
novo negócio no segmento de
roupas infantis não saia da linha.
"Sem planejamento e estudo de
mercado, não adianta comprar
máquinas ou definir o corte. A
chance de dar errado é muito
grande", afirma o consultor e assessor de produção na indústria
de vestuário do Senai-SP (Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial) Wan Chi Ming.
Jorge Baleki, 40, montou uma
confecção de roupas infantis. Não
deu certo. Fornecia peças, com
etiqueta própria, para grandes lojas de departamento que acabaram fechando as portas, deixando
de fazer pagamentos. "Perdi tudo.
Sabia muito pouco, quase zero.
Sem informação, você faz o que
acha, não o que é certo", afirma.
Um ano depois, ele deu início a
uma outra confecção. Antes, fez
um curso técnico de corte, para
evitar desperdícios de matéria-prima e entender todas as etapas
do processo produtivo -segundo consultores, um dos segredos
de uma confecção de sucesso.
"Comecei na clandestinidade,
produzia na área de churrasqueira da minha casa, como se fosse
uma garagem. Eram no máximo
200 peças por dia", conta. Hoje,
diz que sua confecção, a Azul e
Rosa, fabrica 20 mil macacões de
bebê por mês, com lucro de 15%
em média. "Sem dinheiro, julguei
que era fácil entrar no mercado. Já
tinha aprendido o que não devia
fazer, faltava pouca coisa", avalia.
Em 2004, planeja começar a exportar para o Canadá.
Baleki conta que hoje vende para magazines, com etiqueta deles,
mas diz que assimilou uma lição.
"É importante diluir a venda o
máximo possível entre magazines, atacado e varejo. Se alguém
deixa de pagar, posso aguentar."
Parceiro das grandes
Segundo o presidente da Abravest, Roberto Chadad, grandes
marcas e magazines estão disputando atualmente as pequenas
empresas do mercado infantil. "É
fácil entrar no mercado, mas é
preciso ser profissional. Estamos
em uma fortíssima recessão."
Para vender para grandes magazines, no entanto, é preciso
obedecer a alguns critérios, como
ter capacidade de produzir pelo
menos 20 mil peças por mês. As
lojas preferem fazer pedidos de
menor porte, mas dizem acreditar
que a capacidade serve como garantia de profissionalismo.
A C&A, por exemplo, não atende representantes e só negocia diretamente com o proprietário,
que não pode ter cadeia de lojas
de varejo de confecções.
"Grandes empresas vendem para pequenos varejos. Grande varejo compra de pequenos fabricantes. Essa é a regra", diz Adriano Chede Soares, 37, gerente do
grupo infanto-juvenil da Riachuelo, que tem cerca de 80 fornecedores de roupas infantis.
Exportações
Segundo a Abit (Associação
Brasileira da Indústria Têxtil e de
Confecção), está crescendo também o número de pequenos fabricantes de roupas infantis brasileiros que exportam seus produtos.
A entidade prevê que o espaço
do país na Fimi (Feira Internacional da Moda Infantil e Juvenil),
que acontecerá em julho na Espanha, será o dobro do que foi ocupado na última edição da feira.
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