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"Leilão às avessas" já é o formato mais utilizado; empresas ampliam busca por especialistas em licitações
Pregão eletrônico arremata adeptos
DA REPORTAGEM LOCAL
Se antigamente participar de licitação pública era sinônimo de
encarar burocracia excessiva, hoje esse cenário vem mudando.
O estabelecimento dos pregões
como modalidade de licitação (na
forma de medida provisória, em
2000, e depois como lei, em 2002)
pode ser apontado como uma revolução de peso nesse sentido.
"O pregão é mais transparente,
o que aumenta a segurança das
empresas envolvidas", observa
Airton Rocha Nóbrega, professor
de licitações e contratos da FGV.
O funcionamento dos pregões
acontece como um "leilão às avessas". Nele, as empresas apresentam inicialmente suas propostas
de custo para que vença o melhor
-ou seja, o menor- lance.
"Somente a partir da escolha da
proposta é que se parte para a documentação, o que implica ganho
de tempo. Antes, todas as candidatas tinham a documentação
analisada, e só depois eram vistas
as propostas", comenta Roberto
Baccará, da RHS Licitações.
Em praticamente todas as esferas governamentais, a modalidade do pregão já é disparado a mais
utilizada na escolha de fornecedores. "Atualmente cerca de 80%
das licitações já acontecem nesse
formato", estima Nóbrega.
Desse total, a maioria é dos chamados pregões presenciais, nos
quais representantes de todas as
empresas são reunidos num único local para dar os seus lances.
Mas, gradativamente, os pregões eletrônicos prometem roubar a cena dos presenciais. Essas
licitações já estão acontecendo,
ainda que timidamente, e têm a
facilidade de poder agregar, via
internet, potenciais fornecedores
sediados em extremos do país.
"É uma tendência. As unidades
administrativas estão cada vez
mais preocupadas em adquirir
softwares que fazem o pregão eletrônico. Muitos sistemas de informática estão sendo desenvolvidos
para isso", ressalta o advogado
Rodrigo Alberto Correia da Silva,
especialista em direito público.
Qualificação
Na esteira dessas licitações mais
velozes, as empresas começam a
se preocupar em ter profissionais
qualificados para monitorar o andamento de todo o processo.
Na Fazer Construções e Engenharia, a diretora comercial, Ornella Polloni, 36, dedica-se diariamente às licitações. A empresa
fincou o pé nesse mercado em
2000, diante da crise vivenciada
pelo setor de construção civil.
"Foi uma resposta à situação
econômica, pois ninguém mais
fazia construções de alto padrão,
que era o nosso nicho. Então passamos a restaurar prédios tombados pelo patrimônio histórico."
Com um olho na internet e outro na atualização constante da
documentação, Polloni transformou o serviço prestado ao governo no carro-chefe da empresa.
"Agora vamos restaurar o Museu
de Zoologia para a Prefeitura de
São Paulo", conta a profissional.
Desenvolvedor de soluções tecnológicas que visam diminuir filas em locais de atendimento ao
público, o engenheiro Ricardo
Gorgueira, 32, resolveu oferecer
uma "amostra grátis" do seu software para o Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito).
"Por enquanto, forneço o serviço como contribuição, sem custo.
Com isso, pretendo ganhar experiência em atendimento ao governo e começar a concorrer em licitações públicas", diz Gorgueira,
que está matriculado em um curso para se aperfeiçoar no tema.
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