|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRÉDITO
Acesso continua complicado, dizem analistas; compare taxas para empresas nas maiores instituições
Banco faz redução modesta de juros
DA REDAÇÃO
Levantamento realizado pela
Folha nos dez maiores bancos
por ativo total do país mostra que,
nas instituições que reduziram as
taxas de juros para acompanhar a
queda de meio ponto percentual
da Selic (hoje em 26%), persistem
diferenças de até 3,7 pontos percentuais por mês -que podem
pesar bastante na contabilidade
do empresário mais desavisado.
Para empréstimos de capital de
giro, por exemplo, as empresas de
médio porte encontram menor
taxa na Caixa Econômica Federal,
que cede até R$ 100 mil por 2,9%
mais TR (cerca de 0,5%) ao mês.
O maior valor médio dessa operação vem do HSBC, que trabalha
com a faixa de 4,3% a 5,3% mensais para emprestar até R$ 30 mil
(compare no quadro acima).
No caso de micro e pequenas
empresas, os bancos públicos emprestam a taxas quase imbatíveis.
Usando dinheiro do PIS (Programa de Integração Social), a Caixa
Econômica consegue ceder capital de giro a 0,83% mais TR para
quem fatura até R$ 1,2 milhão por
ano. Já o Banco do Brasil surge
com 2,49% mensais para quem
fatura até R$ 500 mil em um ano.
Mais do que econômica, a medida é política. No final de junho o
presidente Lula anunciou medidas de estímulo ao microcrédito
que resultaram em taxas de 2% ao
mês para esse tipo de operação via
Caixa Econômica Federal e Banco
do Brasil. Ainda restrita a micronegócios, a iniciativa faz parte de
um pacote para tentar aquecer a
economia, que inclui também a
simplificação do processo de
abertura de conta bancária.
Os bancos privados ainda avaliam se é mais barato deixar o dinheiro parado, com o rendimento
zero do compulsório, do que emprestá-lo a essa taxa. Os temores,
além da inadimplência, são os
custos administrativos gerados
pela grande pulverização do dinheiro emprestado.
Mudança tímida
A diminuição em relação às taxas adotadas antes da queda da
Selic é pequena. Segundo projeção da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças,
Administração e Contabilidade),
os juros com a Selic em 26,5% ao
ano eram de 5,16% ao mês para
cheque especial, capital de giro e
desconto de cheques e duplicatas.
Hoje, com a Selic em 26%, a média estimada para essas operações
seria de 5,12% ao mês. Queda de
apenas 0,04 ponto percentual.
"A sensação é que as taxas caíram de forma limitada, não para
todas as linhas nem em todas as
instituições. Foi mais intenção do
que prática", diz o presidente da
Anefac, Miguel José de Oliveira.
Ainda que um pouco mais em
conta, o dinheiro não está mais
acessível, segundo empresários.
"Há anúncios de linhas mais baratas, mas ainda não vi o dinheiro
chegar à ponta, ao empresário",
completa o presidente do Simpi
(Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo),
Joseph Michael Couri.
O diretor-superintendente do
Sebrae-SP (Serviço de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas de
São Paulo), José Luiz Ricca, concorda sobre a dificuldade de acesso ao crédito. Para ele, porém, "o
efeito da redução só aparecerá a
médio prazo". "Ainda não está
bem operacionalizado, mas já se
criou uma expectativa grande."
Mais tempo
Os bancos reiteram a idéia de
que ainda não é hora de cobrar
grande impacto advindo da redução da Selic. "É cedo para ver os
reflexos, mas dá para notar uma
melhora. Estamos olhando os números para reduzi-los mais, esse é
um exercício permanente", afirma o diretor de finanças da Nossa
Caixa, Rubens Sardenberg.
O Itaú, que também fez redução, informou que manterá a política de repasse de cortes. "À medida que ocorrerem novas reduções de taxas pelo Copom [Comitê de Política Monetária] e medidas como reduções no compulsório, o Itaú vai ajustando as suas taxas", informou, por meio de sua
assessoria, o presidente da instituição, Roberto Setubal.
Maior banco privado do país, o
Bradesco não cortou juros, mas
lançou produtos diferenciados
para as pequenas empresas.
Através de convênios com a
Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo) e o Sebrae-SP, o banco financia a participação de pequenos empreendimentos em feiras e concede crédito para capital de giro a taxas de
9% ao ano mais TJLP e de 10% ao
ano mais TJLP, respectivamente.
As linhas são exclusivas a micro
e pequenas empresas participantes do programa Arranjo Produtivo Local, resultante da parceria.
Outra tendência paralela à pequena redução de taxas é o corte
de algumas tarifas bancárias.
No Unibanco, programa de redução progressiva de tarifas foi
lançado para ajudar a aumentar
sua participação de 10% para 14%
no mercado de empresas com até
R$ 40 milhões de faturamento
anual. O HSBC, por sua vez, testa
a eficácia de um programa de corte de tarifas para pessoas físicas.
(RENATO ESSENFELDER)
Texto Anterior: Outro lado: Prefeitura revê a TFE, mas defende aumento do ISS Próximo Texto: Frases Índice
|