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Empresários montam novos pontos-de-venda ou estabelecem parcerias no litoral para fisgar a clientela
Comércio desce a serra na temporada
LARA SCHULZE
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Não são apenas os veranistas
que estão de malas prontas para
curtir as férias de verão nas praias
do litoral paulista. Empresários
também seguem a rota do sol levando bares, restaurantes, danceterias e lojas para aquecer os negócios no calor da temporada.
São filiais, parcerias e estabelecimentos novos que movimentam
o comércio das cidades litorâneas
desde a metade do mês de dezembro até o Carnaval. Muitos, devido ao sucesso do investimento,
acabam ficando o ano todo. Outros, mal planejados, fracassam.
A migração tem suas razões: as
vendas do mês de janeiro são
ruins nas cidades e, durante a
temporada, os banhistas ainda
têm ao menos parte do 13º salário
e do abono de férias em mãos.
Por conta disso, o volume de negócios em algumas praias é alto.
Segundo a Associação Comercial
e Empresarial do Guarujá, a temporada eleva os lucros do comércio em 200%. Nos hotéis, o faturamento cresce 50%. Nos restaurantes e nas lanchonetes, pelo menos 40%. "Os hotéis estão com
quase todas as reservas fechadas
para o final do ano, e a expectativa
da cidade é dobrar o número de
habitantes [hoje em 265 mil]", diz
o presidente Rogério Fachs.
O prefeito de Guarujá, Maurici
Mariano, diz incentivar a vinda
do comércio à cidade "porque gera empregos diretos e indiretos".
A associação comercial estima
que o número de lojas na região
cresça em até 5% no verão (cerca
de 375 pontos-de-venda extras).
Norte
Outro ponto bastante procurado pelos comerciantes são as
praias do litoral norte, que chegam a crescer até seis vezes em habitantes na estação de calor.
O município de São Sebastião,
com 107 km de praias -entre elas
as badaladas Maresias e Camburi-, conta com um total de 2.000
estabelecimentos fixos. Guarujá,
maior, tem 7.500. "Somamos a isso 40% de comércio informal",
estima o presidente da Associação
Comercial de São Sebastião, Arthur Ramires Balut, 34.
Segundo balanço da associação
de São Sebastião, os lojistas faturam 35% mais nessa época.
Parcerias
Além da simples migração de
lojas da capital para o litoral, parcerias entre comerciantes das
duas regiões são uma opção a avaliar. Foi o que fez a Pizzaria 1900,
que migrará pelo segundo ano à
praia de Toque-Toque Pequeno
em parceria com o Bar Barracuda.
O restaurante investe no espaço
comum. "Estamos reformando
algumas partes do Barracuda para dar mais conforto aos clientes",
conta o proprietário, Erik Cesar
Momo, 33. A idéia é atrair pessoas
de diferentes perfis para o mesmo
local, aumentando as chances de
lucro de ambas as partes.
Sucesso
Casos de sucesso em temporadas passadas incentivam a volta
ao litoral. Seis meses após a inauguração da loja de bolsas Dondoca, a comerciante Mariana Bernardes, 24, resolveu investir cerca
de R$ 80 mil em uma filial temporária no Guarujá em 2002. "Foi
um risco, mas valeu a pena. O retorno financeiro compensou."
No ano passado, a comerciante
alugou um espaço de 30 m2. Na
temporada de 2004, migrará para
um ponto de 50 m2. O gasto será
de cerca de R$ 100 mil. Além disso, Bernardes também levará uma
quantidade maior de produtos.
Mas a ida de empresários ao litoral não se limita ao verão. "Na
temporada passada, ficamos durante dois meses funcionando e o
resultado foi bom. Agora, quero
ficar o ano inteiro", declara Ricardo Ajaj, dono do bar Rock Brasil.
Os donos do Bar Canal 7, localizado na praia das Sete Fontes, em
Ubatuba, também têm planos futuros. "O investimento foi alto, e
esperamos retorno para daqui a
um ano. O lucro da temporada só
dará para cobrir alguns gastos",
diz o sócio Pierre Greco, 30.
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