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VALOR ARTESANAL
Comunidades se estruturam para eliminar os intermediários e ganhar mercado
Varejo aposta no charme do artesanato
BRUNO LIMA
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR
Capim dourado, algodão de cor,
bagaço de cana, plástico reciclado, osso de boi, madeira reaproveitada, barro, couro e bambu.
Com tanta variedade de matérias-primas, o artesanato se tornou alternativa fácil à massificação e
caiu no gosto do mercado consumidor, sempre em busca de produtos originais e diferenciados.
Preocupadas em ganhar qualidade sem perder história e tradição, comunidades artesãs respondem com estrutura e profissionalização e já conseguem negociar
diretamente com o varejo, eliminando os atravessadores.
Segundo consultores, designers
e especialistas em artesanato ouvidos pela Folha, comercializar
artigos artesanais é uma maneira
de ganhar dinheiro valorizando a
cultura regional. Basta observar o
espaço já conquistado na decoração, na moda e em grandes lojas
de utensílios para a casa para perceber que o artesanato é uma bela
oportunidade de negócio.
Uma prova disso foi o desempenho das rodadas de negócios do
Encontro Internacional de Negócios de Artesanato, que terminou
no último dia 8 em Salvador. Foram R$ 2,5 milhões movimentados em apenas dois dias, com cerca de 1.100 agendamentos (pedidos concretos e conversas adiantadas para encomendas).
Promovido pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas), com apoio
da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura), o evento reuniu representantes do artesanato
de 24 Estados brasileiros e do Distrito Federal. Das rodadas participaram 42 compradores de médio
e de grande porte, do Brasil e de
outros nove países, selecionados
pelos organizadores.
Contato direto
Uma das maiores vantagens do
evento, segundo os especialistas,
foi aproximar interessados nesse
comércio. A informação e a maior
distribuição dos produtos são as
armas dos artesãos para combater
o atravessador. Para isso, contam
com a ajuda de ONGs, do governo
e de empresas públicas.
"Não é pecado revender [artesanato], mas é preciso fazer isso de
forma criteriosa. Não é só ir lá e
comprar. É fazer com que os
membros da comunidade sejam
atores nesse processo", defende
Jurema Machado, representante
da Unesco no Brasil.
Aberta em novembro passado
na Vila Mariana (zona sul de São
Paulo), a Casa da Vila é um exemplo desse movimento. Montada
em um casarão restaurado de
1929, a loja dá ao cliente a chance
de ver como decorar cada cantinho da casa com artesanato.
"Mostramos que fica bonito colocar uma coisa caipira no meio
de uma decoração clássica. São
toques que fazem o ambiente ficar
com mais aconchego. Não é coisa
só de fazenda", diz Vanessa Souza
Gomes, 26, uma das donas.
A empresária conta que a proposta nasceu por acaso. "Minha
mãe tem uma loja de móveis e começou a colocar aos poucos o artesanato como decoração para
valorizar as peças. Começou a
aparecer um monte de gente querendo comprar", descreve.
O público é variado. Há peças
de R$ 3 (ímãs de geladeira feitos
com caixinhas de fósforos) mas
também colchas de algodão bordadas à mão por cerca de
R$ 1.500. Outra vantagem é que
não é necessário ter estoque. "Tudo o que temos está exposto."
O jornalista BRUNO LIMA viajou a convite do Sebrae Nacional
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