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FRANCHISING
Para atrair investidor, redes usam técnicas de varejo, parcelam taxas e reduzem preços
Franquia faz desconto e promoção
BRUNO LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Pague cinco e leve seis. Por mais
incrível que pareça, a oferta não é
de um supermercado, é de uma
franquia. A campanha é da rede
de lavanderias Sol & Sabão, que
tem 20 unidades franqueadas, todas no Estado de São Paulo.
A promoção tem ares de venda
no varejo: quem abrir cinco unidades da franquia -com investimento inicial médio de R$ 30 mil,
segundo a rede- leva a sexta de
graça (sem incluir o ponto comercial). O investimento para ser dono de seis lojas seria de R$ 150 mil.
"Só parece desespero. Não pode
ser outra coisa", afirma a consultora de franchising Ana Vecchi,
da Vecchi & Ancona Consulting.
"É um absurdo total", declara Roberto Cintra Leite, da Horwath
Cintra Leite Consultores. "Se você
está oferecendo um negócio, é ridículo fazer promoção. O negócio
deve ser sério", complementa ele.
Parcelamento
Também na linha das promoções, algumas redes apostam no
parcelamento da taxa de franquia
para atrair investidores. É o caso
das franquias Jani-King (serviços
comercias de limpeza), Strutura
(vestuário) e Sapataria do Futuro.
A taxa de franquia, em geral, remunera a adesão ao sistema, a autorização de uso da marca, a análise e a aprovação do ponto comercial, o treinamento do franqueado e de sua equipe, a entrega
de manuais e o suporte pré-operacional (acompanhamento de
obra e de projeto arquitetônico).
O parcelamento, embora seja
admitido por consultores como
Vecchi e Cintra Leite (quando feito em até três pagamentos, e se o
perfil do empreendedor for "perfeito"), também recebe críticas.
"Isso torna o negócio mais
atraente, mas adia um pepino.
Melhor [a rede] pegar um franqueado mais capacitado", aponta
Alain Guetta, da Guetta Franchising. Ele defende que, mesmo para o franqueado, parcelar é ruim.
"Não é bom pagar a franquia com
o capital do negócio. O franqueado trabalha sem ver dinheiro."
Para Marcelo Cherto, presidente do Instituto Franchising, as
promoções são uma reação à crise. Segundo ele, embora tenha aumentado a procura por franquias,
em razão do desemprego, está
mais difícil fechar negócios, pois o
capital é limitado.
A análise também explica movimentos como a criação de formatos menores e mais baratos, como
quiosques, por redes como Bob's,
Habib's e Casa do Pão de Queijo.
Sobre a iniciativa da Sol & Sabão, Cherto diz que é preciso esperar. "Tudo pode acontecer. Pode ser que compense, mas é preciso ter cuidado com a banalização.
Não é uma compra por impulso, é
uma aquisição para a vida toda."
Inovação, não desespero
O franqueador Caio Próspero,
33, da Sol & Sabão, diz que a promoção foi criada justamente para
chamar atenção. "Não interessa o
que os outros acham. O objetivo é
alavancar o negócio. Fiz por inovação, não por desespero."
Segundo ele, a empresa está estruturada para treinar e dar suporte aos franqueados e a seleção
continuará rigorosa. Ressaltou
ainda que as franquias são postos
de coleta e que a lavagem de roupas é feita numa central. O objetivo é lucrar com taxas de serviço.
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