|
Próximo Texto | Índice
FÁBRICA DE ACIDENTES
Carência de investimentos em prevenção e estrutura geralmente improvisada põem equipes em perigo
Pequena tem chance alta de acidente
BRUNO LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Mais de 900 mil pessoas no país
trabalham em micro e pequenas
empresas que exercem atividades
classificadas pelo Ministério do
Trabalho e Emprego como de risco máximo para acidentes e doenças do trabalho, mostra levantamento realizado pela Folha.
Somando-se a mão-de-obra
empregada nas atividades dos
dois níveis de maior risco -na
escala de quatro níveis da classificação nacional adotada desde
1978 -, o número de trabalhadores sobe para cerca de 5 milhões.
Para especialistas, trabalhar em
uma micro ou pequena empresa
é, em geral, mais arriscado do que
exercer a mesma atividade em
uma grande companhia. As razões seriam a menor fiscalização e
a "economia" em prevenção.
"Os acidentes ocorrem mais nas
pequenas [firmas] devido à falta
de investimento e à estrutura
mais improvisada", diz Osvaldo
da Silva Bezerra, presidente do
Diesat (Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho).
Não existem estatísticas oficiais
que revelem a distribuição dos
acidentes de acordo com o porte
da empresa. O Ministério da Previdência Social afirma que o tamanho da firma não é questionado a quem notifica ocorrências.
A informação poderia ser obtida através do cruzamento de dados do Caged (Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados),
do Ministério do Trabalho, com
os registros de acidentes enviados
à Previdência, utilizando o CNPJ
(Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica). Apesar de reconhecer a
importância dessas informações,
o governo não adota o processo.
"Herdamos o problema. Há carência de indicadores. Como está,
não vamos conseguir avançar",
diz Paulo Pena, diretor do departamento de Segurança e Saúde do
Trabalho do Ministério do Trabalho. Segundo ele, obter dados sobre as pequenas é prioritário.
Construção civil
Pesquisa feita pelo Sebrae-SP
(Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo)
mostra que o setor de construção
civil é o que possui maior quantidade de micro e pequenas indústrias no Estado (23% do total).
Pelo menos até 2001 (últimos
dados disponíveis), o segmento
era o campeão em sinistros. O
município de São Paulo registrou
47 acidentes fatais, 201 com sequelas e 9.330 com ferimentos leves, diz o Sintracon-SP (sindicato
dos trabalhadores da construção
civil). Segundo a entidade, o setor
já não é mais líder em acidentes.
Próximo Texto: Empresário também está exposto a risco Índice
|