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Empresário também está exposto a risco
FREE-LANCE PARA A FOLHA
No meio do expediente, os oito
funcionários de uma microempresa do ramo de metalurgia de
Cajamar (Grande São Paulo) interrompem o trabalho. Aguinaldo Antonio Corrêa, 42 -um dos
donos da empresa-, acaba de
perder a mão esquerda.
O empresário, que trabalha diretamente na produção, tirava
uma peça de uma máquina,
quando esta foi acionada por engano por um funcionário. "Sempre me preocupei com a segurança dos funcionários. Não achava
que poderia acontecer comigo."
O acidente foi em 98. De lá para
cá, diz ele, a empresa redobrou os
cuidados com treinamento e com
equipamentos. "Eu estreei a coisa.
Depois não aconteceu mais."
Em fevereiro, José Nonato da
Silva, 43, desmontava uma máquina de costura de um jeito diferente do que tinha aprendido e teve um pedaço do dedo médio da
mão direita arrancado. "Aconteceu por falha minha", afirma.
Seu patrão, o engenheiro Ricardo Sin, 33, conta que a empresa é
pequena e que ele mesmo ensinou o serviço aos empregados.
"Não dá para saber se isso teria sido evitado se eles tivessem tido
um treinamento melhor. Não sei
se tenho culpa no que ocorreu",
declara o empresário. "Já tomávamos todos os cuidados. Agora,
além de mostrar como eles devem
fazer o serviço, explicamos também o que eles não devem fazer."
Segundo Carlos Clemente, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos
de Osasco e Região, os acidentes
mais violentos da metalurgia nos
últimos anos aconteceram em situações de terceirização.
Há cinco anos, Damásio da
Conceição, 31, era empregado de
uma microempresa de Carapicuíba (Grande SP) que prestava serviços de manutenção para grandes companhias. Uma máquina
com a qual não costumava lidar
esmagou seu braço esquerdo. O
acidente foi notificado pelo sindicato, e a empresa foi autuada.
"Havia várias irregularidades, a
máquina era velha", diz. Ele ainda
espera a conclusão de um processo na Justiça em que pede indenização. "A minha empresa fechou.
Estou cobrando da grande."
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