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Empreendimento em cidades turísticas requer planejamento para sobreviver à baixa estação
Sazonalidade vem inclusa em "pacote"
CYNTIA FARABOTTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE PORTO SEGURO
Quem nunca pensou em largar
tudo na "cidade grande" e abrir
uma pousada em um ponto turístico bem movimentado, localizado no Nordeste brasileiro,
onde faz sol o ano inteiro? Pois
foi esse o sonho que moveu cerca
de 90% do pequeno e médio empresariado de Porto Seguro (a
720 km de Salvador).
O dono da barraca de praia
Malibu, Carlos Alberto Leopoldino Figueiredo, 36, é um exemplo do turista que se apaixonou
pela cidade. "Quando desci uma
ladeira que dá acesso a Porto Seguro e vi o mar, tive certeza de
que era aqui que eu queria viver",
relembra o paulistano, que trabalhava como administrador.
Mas a vontade de ter mais qualidade de vida fez com que ele
vendesse uma casa em São Paulo, pedisse demissão e aplicasse
R$ 80 mil no negócio em 1989.
Foram dois anos investindo e esperando o retorno.
A partir de 1993, começou a faturar entre R$ 100 mil e R$ 150
mil no período de alta temporada (de dezembro a fevereiro),
com lucro que chegava a até
50%. A partir do início do sistema de pacotes turísticos e o aumento da concorrência, o negócio começou a se estabilizar. Hoje, movimentam-se cerca de R$ 30
mil na alta temporada, e a margem de lucro caiu para 10%.
Alta e baixa
Quem tem empreendimento
em cidades turísticas precisa estar
preparado para lidar com a sazonalidade. "Deve-se controlar e
projetar gastos, pensando sempre
que você pode ganhar muito em
alguns meses e praticamente nada
em outros", lembra o empresário
de São Paulo, Wilson Spagnol, 37,
economista e dono do hotel Pau
Brasil, que conta com 84 apartamentos no centro da cidade.
Para construir um quarto de hotel gastam-se de R$ 30 mil a R$ 50
mil. O valor das diárias varia de
R$ 20 a R$ 200, com margem de
lucro de 20% a 30%. Porto Seguro
conta hoje com mais de 500 meios
de hospedagem e 38 mil leitos.
"Hoje não há mais espaço para
amadores", diz Richard Alves, gerente da agência do Sebrae (Serviço de Apoio às Micros e Pequenas
Empresas) de Porto Seguro.
Alves diz que o turismo tem
muitas particularidades, o que
exige preparo do empresário.
"Você não tem clientes fiéis, eles
vêm e vão. É preciso oferecer atrativos aos moradores locais."
E são os serviços voltados para a
comunidade local que têm mais
chance de dar certo, por serem
poucos explorados, explica.
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