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Decisão precipitada pode acabar com sonho
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O sonho do negócio próprio
longe da capital paulista só durou
seis meses para Vinícius Conrado
Ferraccio, 33, e a mulher, Mariângela Couto Oliveira, 28.
A pizzaria que montaram na
praia de Canasvieiras, em Florianópolis, ficou aberta durante esse
tempo, e eles perderam os R$ 30
mil investidos na empresa.
Ferraccio atribui o fechamento
da pizzaria a um problema conjuntural. Essa praia, bastante visitada por argentinos, ficou vazia
entre janeiro e março de 2002 por
conta da crise no país vizinho.
"Esperávamos vender 150 pizzas
por dia e chegamos a apenas 39."
É certo que a crise econômica
contou, mas não só. Além das turbulências do mercado e dos riscos
embutidos na abertura de empresas, outros negócios nos mesmos
moldes acabam não vingando por
motivos já conhecidos.
Um deles, diz o consultor de
carreiras Gutemberg de Macêdo,
vem da forma como as cidades
são conhecidas, durante passeios.
"O turista idealiza a cidade."
Até a ausência de alguns serviços é vista como ponto a favor,
sem restrição: "Se a cidade não
tem um tipo de negócio não significa que a população precise dele".
O conselheiro de carreira Rubens Gimael, 42, aponta as relações interpessoais como fonte de
problemas, se subestimadas. "A
maioria dos empreendimentos
instalados nas cidades menores
tem redes de confiança estabelecidas. É difícil quebrar essas barreiras com o novo negócio."
O retorno do investimento também tem de ser pensado. O gerente de orientação empresarial do
Sebrae em Aracaju (SE), Pedro
Fiscina, diz que uma vantagem de
montar um negócio em cidades
como a dele é o baixo custo de instalação. "Quem vem para cá tem
de ter paciência para o retorno."
Paciência não falta a Vinícius
Ferraccio. Apesar de sua pizzaria
em Florianópolis não ter dado
certo, ele diz não se arrepender.
Se os negócios ainda não engrenaram, o casal diz que a meta de
qualidade de vida já foi alcançada.
"Nossos filhos têm vida social,
passeiam. A gente fica mais tempo com eles", diz Ferraccio.
Pacto familiar
É difícil compor um perfil de
quem muda de cidade para abrir
negócio, mas dois casos se destacam: o casal aposentado, que
aposta as economias em uma vida
melhor, e o casal jovem com filhos, que busca um cotidiano calmo, perto das crianças. Essas características levam a um item importante: o pacto familiar.
"Se a família não estiver comprometida com o projeto, o negócio pode desandar", diz Macêdo.
Essas preocupações estão sendo
contabilizadas por Rosa Novo Cesarino, 43, e o marido, que pretendem abrir uma franquia de uma
consultoria de RH em Curitiba.
"Conhecemos a cidade como
turistas e agora planejamos nossa
mudança", diz Rosa Cesarino. Ela
conta que os três filhos do casal,
com 20, 17 e 14 anos, foram consultados antes da decisão.
"Apresentamos a idéia para
eles. Isso é importantíssimo. A
mais nova, a princípio, relutou,
mas mudou de idéia."
(FM)
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