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ESTRATÉGIA
Promovido por órgãos governamentais e de comércio, método facilita formação de parcerias
Rodadas de negócios já dão as cartas
EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA
As mesas estão dispostas. Os jogadores se observam, um a um ou
em pequenos grupos. A sorte está
lançada. Mas não se trata de um
jogo de cartas ou de dados em um
salão de um cassino. A rodada, no
caso, é de negócios mesmo.
O sistema tem sido utilizado pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e por outras entidades para colocar frente a frente pequenos e médios empresários e seus
possíveis parceiros, num ambiente preparado para gerar contatos.
A Endeavor, entidade que apóia
o empreendedorismo, também
promove essas rodadas. "São networks [redes de relacionamento]
focadas, em que são agrupadas
empresas em busca de fornecedores ou de investidores", define a
diretora-geral, Marília Rocca.
Ela afirma que o número de
participantes tem aumentado, e o
seu perfil tem se diversificado.
"No começo, há dois anos, só
havia fundos de investimento
participando. Depois passamos a
convidar escritórios de advocacia,
que poderiam orientar empreendedores em questões específicas.
Agora pensamos em chamar
agências governamentais, que
têm produtos pouco conhecidos
para atender empresários", diz.
"Tête-à-tête"
Muitos órgãos internacionais de
comércio são adeptos da prática.
A Kotra, divisão comercial do
Consulado Geral da República da
Coréia, por exemplo, promove
cerca de dez sessões por ano.
Na mais recente, realizada no final do mês passado, em uma sala
no hotel Crowne Plaza, em São
Paulo, 17 empresas sul-coreanas
buscavam parceiros entre empreendedores brasileiros. Há a expectativa de que aquele evento tenha movimentado entre US$ 4
milhões e US$ 5 milhões.
Cada mesa do salão foi ocupada
por um ou mais representantes de
uma companhia oriental. Das 9h
às 17h, foram previamente agendadas, com duração de meia hora
cada encontro, reuniões individuais com empresários brasileiros prospectados pela Kotra.
Segundo Marcos Hermano Ribeiro, economista da organização, as empresas brasileiras não
conhecem as coreanas, por um
"entrave de cultura". Contudo,
"as relações entre os dois países
devem se estreitar, impulsionadas
por acordos comerciais", diz ele.
Participaram da missão fabricantes de porte médio, como a Sei
Jin Machinery, que faz trançadeiras de fios metálicos utilizadas pela indústria têxtil. Um dos que se
sentaram à mesa com essa companhia foi Humberto Nadolsky,
49, presidente da Nadolsky, também produtora de máquinas
trançadeiras. Seu objetivo era "ter
uma noção" dos preços do concorrente para, se possível, revender seus equipamentos no Brasil.
O "tête-à-tête", contudo, durou
menos de 20 minutos. "Ele [o empresário coreano] quer ser muito
pragmático na divulgação da máquina", constatou. "Para ser vendida no mercado brasileiro, são
necessárias mais informações ou
até mesmo amostras."
Nadolsky conta que o candidato
a futuro parceiro disponibilizou
seu e-mail para dar continuidade
às negociações, mas não mostra
muito otimismo quanto às possibilidades de concretização.
Missão britânica
Mas "bater o martelo" nem
sempre é o maior objetivo da rodada. "Ela serve para uma aproximação de mercado, um contato
direto entre oferta e demanda",
diz Pamela Pastene, coordenadora de rodadas de negócios do Sebrae-SP. "A efetivação do negócio
depende do preço, da logística, da
qualidade do vendedor", avalia.
Os eventos também podem ser
multissetoriais, ou seja, congregar
diferentes ramos. É o caso da missão comercial britânica promovida pela Câmara de Comércio de
Mid Yorkshire, do Reino Unido.
Entre 30 de março e 4 de abril,
representantes de 26 empresas da
região estiveram em cidades brasileiras, como São Paulo e Belo
Horizonte, para reuniões de prospecção de oportunidades. As
áreas de patrimônio histórico e de
saúde foram priorizadas na visita.
Um grupo de seis técnicos britânicos veio com o intuito de firmar
parcerias para desenvolver o turismo cultural na cidade de São
Paulo. "Queremos trocar idéias e
gerar trabalhos conjuntos", definiu Chris Meaney, diretor da Harvard Consultancy Services.
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