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SELVA TECNOLÓGICA
Abundância estimula pesquisadores a criar espécies de olho nas prateleiras
Genética diversifica floresta nativa
DA ENVIADA ESPECIAL A CUIABÁ
Raiz, flor, fruto, semente. Da
vastidão de espécies que compõem a flora nativa do território
nacional rebentam inspirações ao
empreendedorismo. Técnicas de
manipulação superam limitações
de cultivo, somando apelos rentáveis a plantas que já possuíam
atrativos naturais. É a floresta
reinventada para conquistar espaço nas prateleiras mundiais.
A maioria dos projetos que estão sendo desenvolvidos ainda
busca parceiros que apostem na
sua comercialização. No laboratório cearense da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária),
por exemplo, a
multiplicação de
base genética de
plantas já é prática
adotada regularmente.
Abacaxi ornamental, banana,
orquídea, gérbera
e mandacaru são
algumas das plantas que já têm clones produzidos a
partir de "gemas"
-células extraídas de uma matriz
rigorosamente selecionada para essa finalidade.
"Ainda temos
dificuldade de logística para distribuir em grande
escala, o que também requer melhor planejamento de produção.
Mas já fornecemos para vários
empresários da região", comenta
Ana Cristina Carvalho, bióloga
responsável pela coordenação do
laboratório.
Multiplicação
Apenas para ter uma noção do
quanto a clonagem pode impulsionar o volume de produção de
vegetais, a pesquisadora indica
que, enquanto pelo método tradicional de reprodução em campo
chega-se a uma média de cinco
mudas de abacaxi ornamental
por ano, a multiplicação em laboratório permite elevar esse número para cerca de 4.000 mudas.
"Caso a prática se dissemine para as plantas amazônicas, teremos
um novo filão", observa Carvalho. Entretanto, segundo ela conta, os hormônios usados nos processos de clonagem podem levar
a mutações. "É preciso conduzir a
pesquisa com atenção, principalmente no que diz respeito às plantas medicinais, que precisam ter
seus princípios ativos mantidos."
Na Paraíba, as pesquisas da Embrapa possibilitaram chegar ao algodão naturalmente colorido. Atualmente disponível nas cores verde,
marrom e vermelha, a próxima
etapa é tentar chegar à variante
azul. Além do apelo ecologicamente correto, a solução concentra propriedades antialérgicas e
começa a gerar demandas em
berçários e em hospitais.
Cereais
A partir da observação da alegria, planta popular na região dos
Andes, o cultivo
do amaranto desponta como fonte
de matéria-prima
para empreendedores interessados em introduzir
no mercado produtos similares às
barras de cereais.
"Altamente nutritivos, podem
ser feitos misturando a pipoca
feita com amaranto ao melado", diz
Carlos Spehar, da Embrapa.
Quem olha pela primeira vez
para a knaf, planta desenvolvida
para a produção de fibras usadas
no revestimento interno de automóveis, não pode deixar de notar
o parentesco visual com a folhagem da maconha. "Mas ela está
mais próxima do algodão do que
da Cannabis", explica Spehar.
"Não tem propriedades entorpecentes", ressalta.
E, para quem costuma associar
os girassóis ao amarelo, vale saber
que já existem no país flores de
várias outras cores, como em tonalidades avermelhadas e arroxeadas. Todas as variações vieram do laboratório.
Além do potencial para o mercado de plantas ornamentais, ele
também pode ser inserido na apicultura, pois as flores atraem
grande volume de abelhas.
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