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TENTATIVA E ERRO
Consultores recomendam calcular riscos e não confundir teimosia com persistência
Fechar não é sinal de incompetência
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Duas coisas a saber antes de se
aventurar a empreender: 1) fechar
uma empresa é algo que faz parte
da vida e da atividade do empreendedor; 2) a única maneira
de reduzir o risco de naufragar é
abusar do planejamento antes de
colocar a mão no bolso.
Embora seja uma experiência
marcante, o fim de um negócio
não deve ser encarado como um
sinal de incompetência empresarial. Aliás, o empreendedor nato
tem certeza disso: o fracasso é só
um percalço e significa apenas
que ainda não foi dessa vez.
"Ao longo da carreira, o empreendedor terá negócios que vão
vingar e outros que não vão dar
certo. É preciso ter consciência de
que o risco faz parte e de que entrar e sair do mercado não é um
fracasso, é algo inerente ao mundo dos negócios", define o consultor de orientação empresarial Renato Fonseca de Andrade.
"O bom empresário só entra
[em um empreendimento] quando tem boas chances de vencer.
Mas, às vezes, ele perde."
Tudo bem, nunca é demais dizer que há a oportunidade de
aprender com o erro, mas a verdade é que ninguém quer fechar
as portas. Diante de um negócio
que não está dando certo, como
saber se é hora de continuar ou
desistir? Dá para diferenciar o empreendimento que pode ser salvo
do que não vai sobreviver?
Respondem os consultores:
sim, dá para observar alguns indícios. Primeiro, é possível projetar
faturamentos para saber até que
ponto a empresa é capaz de se
manter. E, em vez de desistir logo
e partir para outro ramo, é fundamental tentar identificar se há falhas na gestão da firma ou se é o tipo de negócio que não se sustenta.
Quais são as necessidades do
cliente? Pode ser que o preço esteja alto ou que a qualidade não seja
satisfatória, por exemplo. Uma
boa dica é observar a concorrência direta (aquela que atua no
mesmo mercado, o que, para as
pequenas, pode ser o mesmo
bairro ou até a mesma rua). Se o
concorrente tem sucesso no mesmo ramo, provavelmente há algo
que pode e deve ser mudado.
Mas pode ser que um negócio
que há alguns anos foi uma grande sacada já não faça mais sentido. A sugestão dos especialistas é
ficar de olho em mudanças de tecnologia e de comportamento de
consumo. Talvez não seja mais
possível lucrar com a venda de
fios em tempos de fibra óptica.
E fechar as portas não é a única
saída. Marcelo Fontana, 33, dono
da Ghrom, que fazia sistemas de
automação industrial sob encomenda, ia muito mal quando decidiu trocar de negócio. Apostou
no segmento de acústica, mas não
fechou a empresa, manteve a
mesma razão social. "Conseguimos nos equilibrar", conta.
Teimosia e persistência
Persistente é aquele que está em
busca de algo específico, que persegue um sonho claro. "Teimosia
é a pessoa insistir em algo sem saber exatamente no quê. Não é difícil descobrir empresários que
trabalham 12 horas por dia e não
sabem quanto querem vender
neste mês nem quanto querem faturar no ano. Dizem apenas que
querem vender um pouco mais
do que no mês anterior, não têm
um objetivo claro", afirma o gerente de educação empreendedora do Sebrae, Ênio Duarte Pinto.
Segundo ele, capacitação sempre ajuda. "Você aprende errando, mas sempre custa caro."
(BL)
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