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Modelos combinam produção e preservação de recursos naturais e eliminam relação hierárquica
Gestão é ambientalmente engajada
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto nas empresas tradicionais expressões como "responsabilidade ambiental" e "auto-sustentabilidade" só se popularizaram nos últimos anos, as comunidades indígenas possuem
uma orientação inata para tais
questões, dizem os especialistas.
Por essa razão, o modelo de gestão dos empreendimentos nascidos nesses cenários podem ser
considerado arrojados. "Eles vão
ensinar aos brancos", diz a pesquisadora Carmen Junqueira.
"Nas aldeias, produção e preservação andam juntas", completa
Paulo Spyer, coordenador de
PDA (Projetos Demonstrativos)
do Ministério do Meio Ambiente.
Os recursos do PDA, direcionados ao apoio a iniciativas que visam a geração de renda comunitária, têm sido cada vez mais solicitados pelas associações indígenas para o financiamento de seus
projetos. "A demanda aumentou
muito", diz Spyer.
Tanto que um novo programa,
já aprovado pelo governo federal,
será lançado neste ano pelo ministério. Financiado com recursos
repassados pelo Fome Zero, o
Programa de Gestão Ambiental
em Terras Indígenas terá como
um dos focos o fomento às iniciativas de geração de renda com ênfase em gestão ambiental.
Mata renovada
"Os animais estão voltando.
Agora a gente vê tucano, vê pássaros que não via há muito tempo",
descreve Vando dos Santos Karai,
coordenador do Projeto Jejy, que
mantém canteiros de palmeiras
no litoral de São Paulo.
Nas aldeias cricatis do sul do
Maranhão, as mudas de abacaxi,
açaí e maracujá também trouxeram mais que retorno financeiro.
"As frutas atraem os bichos, e a
mata está se recompondo", revela
o chefe do posto local da Funai,
Lourenço Milhomem.
Além do comprometimento
com a preservação da natureza, a
maneira de gerir os recursos humanos adotada pelos índios também é de dar inveja a muitas
"organizações brancas".
E, se no mundo caraíba primeiro emprego é tema polêmico, no
"negócio de índio" sempre cabe
aos jovens o "posto" de multiplicador do saber. São eles os designados às capacitações técnicas e à
retransmissão do que foi aprendido ao restante da comunidade.
"Outro ponto é não existir separação de patrões e empregados",
diz Junqueira. "Aqui, trabalho
significa ganho para todos", completa Karai.
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