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São Paulo, domingo, 25 de maio de 2003


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ESPECIAL

Risco menor é o atrativo do sistema

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Para entrar no mercado com uma marca conhecida e, pelo menos em tese, ter menos riscos, é preciso muito mais dedicação do que pode parecer. O preço pago pelo título de franqueado não se resume à taxa de franquia: deve-se estar disposto a trabalhar diretamente no negócio e a obedecer à cartilha do franqueador.
"O drama de ser franqueado é saber liderar e ser liderado ao mesmo tempo", afirma Alain Guettá, da consultoria Guettá Franchising. "Abrindo seu próprio negócio, você é dono do seu nariz. Na franquia, o investimento pode ser maior e há muitas regras. É o preço de partir de um outro patamar", ensina o consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo) João Abdalla Neto.
Segundo os consultores, não existe propriamente uma vocação para ser franqueado, mas é preciso ter perfil empreendedor e gostar da atividade escolhida. "A vocação é para vender roupas, lidar com postos de gasolina, ensinar inglês", exemplifica Guettá.

Modismo
Ter espírito de equipe, vontade de trabalhar e saber compartilhar experiências e decisões são características valorizadas pelas redes na seleção de franqueados. "É incorreta a idéia de que você compra uma franquia e pode trabalhar oito horas por dia. O franqueado não é um simples investidor", diz o professor de empreendedorismo da FGV-Eaesp (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas) Tales Andreassi.
O consultor André Nudelman, da Addexo, ressalta que, mesmo escolhendo o que gosta, o empresário deve ter cabeça fria para distinguir o que é promissor do que é modismo. "Com franquias novas o cuidado deve ser redobrado." Uma dica é buscar quem tem lojas próprias, o que pode indicar maior domínio da atividade.
Estar no mercado há bastante tempo, no entanto, também revela pouco sobre uma oportunidade de negócio. "Não há necessidade de o franqueador ser pioneiro no ramo. Há negócios novos com estrutura e negócios consolidados que não têm qualidade", adverte Ana Vecchi, da Vecchi & Ancona.
Segundo a ABF, o Brasil é o terceiro país no mundo em número de unidades franqueadas -perde somente para os EUA e o Japão.
Para a diretora-executiva da ABF, Anette Trompeter, a lei que disciplina o franchising brasileiro (lei nš 8.955/94) traz regras benéficas para o mercado como a obrigação de entregar ao franqueado a Circular de Oferta de Franquia (veja no quadro) pelo menos dez dias antes do pagamento de taxas ou da assinatura do contrato.
"Alguns dizem que a lei é dura, mas ela é sábia. Franquia é parceria, é casamento. Não adianta dizer que não existem conflitos, mas todos têm de estar conscientes de suas obrigações antes."

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