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São Paulo, domingo, 27 de julho de 2003


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FUTURAMA

Avanço do estilo de vida "high-tech" valori za áreas como as de "LAN houses" e produtoras de multi mídia

"Tecnofamília" muda hábitos e gastos

Fernando Moraes/Folha Imagem
Rosana Oliva e os filhos na "LAN house" onde organizou festa de aniversário


SILVIA RIBEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O aniversário do filho caçula migrou do convencional bufê infantil para a "LAN house". A filha mais velha, adolescente, deixou de passar horas ao telefone e adotou a comunicação on-line com webcam (câmera de internet). E os velhos tempos, recordados pelos pais ao redor de amarelados álbuns de fotografia, ganharam formato digital e fundo musical.
O ambiente doméstico também mudou. Dotadas de sistemas de câmeras, as casas podem ser controladas de longe. Nem os animais de estimação são esquecidos. Casinhas de cachorro com alimentadores automatizados já estão sendo idealizadas no país.
A tecnologia tem aproximado cada vez mais as famílias brasileiras do cotidiano futurístico do desenho animado "Jetsons". E há muitas empresas lucrando com essa mudança no estilo de vida.
As "LAN houses" -que têm jogos eletrônicos em computadores ligados em rede- são uma febre e já viraram opção para as festas de aniversário. "As crianças estão enjoadas do palhaço fazendo brincadeiras. O novo animador da festa infantil é o computador", diz Paulo Leonardo Fernandes, 24, sócio da Lime Room.
Aberta há apenas dois meses nos Jardins, em São Paulo, a "LAN house" já acolheu seis festas -quatro de crianças. Certa vez foi transformada em discoteca.
"É uma opção mais barata. E a criançada já enjoou de bufê", opina Márcia Moraes, 29, dona-de-casa. O aluguel por hora do computador custa em média R$ 4.
Segundo o sócio do local, em seis horas de festa, o faturamento é o triplo do de um dia comum.
A fórmula também é usada pela Cyber LAN, aberta há um ano. A procura por festas infantis tem crescido, diz Alexander Hlebanja, 38, sócio da loja, que caminha para a quarta unidade. "É uma maneira eficaz de divulgar a casa."
Júlio César Durante, consultor do Sebrae, concorda: "As áreas ligadas à tecnologia estão em alta".

Álbum sonorizado
Entre os serviços no auge, está a digitalização de materiais analógicos. O casamento filmado em VHS, antigos slides das férias e películas em Super 8 ganham vida mais longa ao serem convertidos para o DVD. Elias Assis, 38, diretor da DVD Studio, aposta na proliferação desse hábito. No último semestre, a receita bruta cresceu 60% comparada à do anterior.
A empresa começou há cerca de seis anos como produtora de vídeos. Depois passou a oferecer serviços de conversão e restauração. Hoje se prepara para abrir o segundo quiosque em shoppings e recebe, em média, 900 pedidos de conversão de mídias por mês. Um álbum de fotos, por exemplo, vira multimídia com fundo musical -o chamado book digital.
O administrador José Ballesteros, 44, transformou 420 slides e 400 fotografias num único DVD. "Eram fotos de família de cerca de 30 anos atrás que estavam numa caixa velha de papelão", conta.
A transcrição de 50 slides sai a partir de R$ 150. Para a conversão de até duas horas de VHS, sem recursos especiais, são R$ 80.
A tecnologia também ajuda o consumidor a reduzir os gastos em relação aos serviços convencionais, como o de telefonia. O "cyberman" (atendente de "LAN house") Eric Mendes, 27, criou o hábito de conversar três vezes por semana com um amigo da Suíça usando uma webcam. "É mais barato e não é preciso teclar", diz.


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