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feiras
Cianorte consolida-se como pólo atacadista de vestuário no PR
Com 400 lojas, cidade investe para atrair lojistas
ROSANGELA DE MOURA
ENVIADA ESPECIAL A CIANORTE (PR)
Uma geada nos anos 70 mudou o destino de Cianorte, no
interior do Paraná. Passou de
produtora de café a um dos
principais pólos atacadistas de
confecção do país, com 5 milhões de peças criadas por mês.
Cheblie Nabhan, um dos pioneiros no ramo de vestuário da
cidade, conta que viajou a São
Paulo no final da década de 70,
com o objetivo de comprar máquinas de costura. "Quando liguei uma em casa, as costureiras tomaram um susto com o
barulho, mas logo aprenderam
a lidar com os instrumentos."
Assim como as mulheres dos
cafeicultores, os agricultores se
adaptaram ao novo ofício.
Construíram fábricas e empregaram a mão-de-obra local, inicialmente sem qualificação.
Hoje, Cianorte tem 400 lojas
de fábrica espalhadas em cinco
shoppings e em uma via, a "rua
da moda", que vendem principalmente jeans e "modinha"
-nome regional dado a vestidos, blusas, saias, camisetas.
Para receber lojistas de vários Estados e de países vizinhos, hotéis foram instalados
dentro dos shoppings. O pico
de visitação se dá durante a
Expovest, que reuniu 30 mil visitantes na semana passada.
Mordomias
O processo de vendas é planejado. Luiz Carlos Felipe, diretor da Asamoda, que faz a
ponte entre agentes de moda e
lojistas, diz que os empresários
repassam 11% da receita à associação. Esta repassa 9% ao guia
que trouxe os compradores.
"Esse guia faz o levantamento de dados financeiros do comprador na cidade de origem.
Com isso, o visitante recebe um
cartão com limite de compra,
o que ajuda a evitar boa parte
da inadimplência", descreve.
A estrutura é elogiada pelas
compradoras, que dispõem de
limusine entre um shopping e
outro. Mas afirmam em coro
que "essa mordomia está embutida nos preços das peças".
Para a mineira Elenice Aparecida dos Santos, 43, os preços
foram o ponto decepcionante:
"Uma calça aqui custa de R$ 40
a R$ 120. Como meus clientes
não pagam o dobro disso, a
margem não chega a 100%".
Mas a empresária argumenta
que prefere Cianorte a São Paulo pela "qualidade dos produtos" e pela "insegurança" da capital paulista. "Aqui também
posso parcelar as compras em
até cinco vezes e não tenho despesas para chegar à cidade."
Gerente da loja local Zunck,
Sandra Regina Bino, 36, rebate:
"Elas [as lojistas] reclamam,
mas não deixam de vir para cá".
Segundo Bino, no primeiro dia
da Expovest, seu estabelecimento vendeu mil peças -o dobro do volume diário de vendas.
A jornalista viajou a convite da Expovest
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