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São Paulo, domingo, 28 de setembro de 2003


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EDUCAÇÃO

Instituições de ensino já se preocupam em formar bons empregadores nas carteiras escolares

Empreender vira lição de casa em SP

Fernando Moares
Alunos do colégio Guilherme Dumont Vilares criam um minimercado para aprender a negociar


MARCELO GOTO
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Além das disciplinas tradicionais, como as de matemática e de português, várias escolas já incluem aulas de empreendedorismo na grade curricular. E não é uma preocupação apenas das instituições de nível superior.
Crianças do ensino fundamental do Estado de São Paulo têm como lição de casa o desafio de elaborar um plano de negócios ou de desenvolver uma miniempresa. "Por muitos anos, as escolas se preocuparam em formar bons empregados, mas, mais do que isso, devem formar bons empregadores", diz Victor Mirshawka, diretor-cultural da Faap (Faculdade Armando Álvares Penteado).
De acordo com essa lógica, quanto mais cedo os alunos desenvolvem seu espírito empreendedor, melhor. Ou seja, maiores serão as chances profissionais dele para enfrentar os desafios futuros do mercado de trabalho.
No colégio Guilherme Dumont Vilares, no Morumbi (zona sul de São Paulo), por exemplo, os alunos criam uma loja de doces e montam uma oficina de brinquedos feitos de material reciclável. Tudo isso a partir dos sete anos.
A escola faz parte do programa Jovens Empreendedores, promovido pelo Sebrae-SP (Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa de São Paulo) e voltado a estudantes dos ensinos fundamental e médio. "A cultura empreendedora não é apenas uma disciplina, mas uma forma diferente de ver o mundo", argumenta a gerente da área de educação cultural do Sebrae-SP, Mara Sampaio.
No Colégio Friburgo (Granja Julieta, zona sul), cerca de 70 alunos de ensino médio deram os primeiros passos como empreendedores. O grupo montou uma empresa de ecoturismo com a ajuda de professores convidados.
"Não adianta mais ensinar apenas história, geografia, português ou matemática. Os alunos precisam vivenciar experiências concretas, como organizar uma empresa, por exemplo", justifica o diretor-geral, Ciro Figueiredo.

Ensino superior
Os alunos do curso de mecatrônica da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo) contam hoje com um curso de empresas de base tecnológica, ministrado no 5º ano da graduação.
A nova disciplina faz parte de projeto criado em parceria com a empresa Eccelera, de gestão de capital de desenvolvimento. Estruturação e análise de planos de negócios e registros de patentes são alguns dos tópicos abordados.
A Faap também investe na tendência. A instituição inaugurou um centro que concentra aulas de criatividade e de empreendedorismo. Todos os cursos de graduação e de pós-graduação oferecem a disciplina. Segundo o diretor cultural, Victor Mirshawka, em breve haverá um curso de especialização na área.
Na FGV-Eaesp (Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas), a primeira a ministrar o empreendedorismo como disciplina curricular no país, o aluno tem contato com o tema nos três últimos semestres do curso.
A Escola de Economia e Administração Ibmec mantém, há dois anos, um centro de empreendedorismo, por onde já passaram 60 alunos. Os cursos são oferecidos desde a graduação, e o programa é conduzido a partir de conceitos básicos e de experiências práticas.

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