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CAPITALIZAÇÃO
Antes de abrir capital, pequenas devem se expor mais ao mercado
Ir à Bolsa requer "preliminar"
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Deixar de ser uma empresa de
capital fechado e marcar presença
na Bolsa não é realidade exclusiva
das grandes organizações.
O custo do capital é alto, mas
propostas da CVM (Comissão de
Valores Mobiliários), da Bovespa
(Bolsa de Valores de São Paulo) e
da Soma (Sociedade Operadora
do Mercado de Ativos), que devem ser aprovadas no início de
2004, segundo as entidades, surgem para simplificar a obtenção
do registro necessário à operação
e para reduzir gastos.
Abrir o capital requer estrutura:
é preciso ter liquidez, criar um
conselho de administração, manter um diretor de relações com o
investidor, contratar uma auditoria independente e publicar dados
como balanços em jornais oficiais
e nos de grande circulação. Pacote
que acaba por encarecer a manutenção da firma na Bolsa.
"Abrir a empresa ao público é
sempre a meta principal, por ser o
momento em que você consegue
valorizar ao máximo a companhia", avalia Marcelo Safadi, diretor financeiro da Eccelera (gestão
de capital de desenvolvimento).
"Primeiro o empresário precisa
saber se o momento é conveniente para entrar na Bolsa", observa
Maria Helena Santana, superintendente de relações com empresas da Bovespa. "A mudança de
cultura que ocorre com a abertura
tem muita relevância, os acionistas têm de se convencer de que há
necessidade de apresentar resultados e metas claras", emenda.
Para Joseph Couri, presidente
do Simpi (Sindicato da Micro e
Pequena Indústria do Estado de
São Paulo), a possibilidade de
uma empresa de pequeno porte
emitir ações hoje é um "sonho".
"A legislação atual impede que
elas cheguem perto da Bolsa, é
preciso desburocratizar. Se isso
acontecesse, o investidor iria para
o setor produtivo", defende.
Para evitar choques e decepções, o ideal, segundo especialistas ouvidos pela Folha, é que o pequeno empresário se exponha aos
poucos ao livre mercado.
"A empresa deve se expor a analistas financeiros, para que eles já
a conheçam e ofereçam um preço
justo quando as ações puderem
ser emitidas", explica Santana.
Outra orientação está em buscar alternativas para se acostumar
aos poucos com o ambiente.
"Buscar um "private equity", por exemplo, deixa o empreendedor mais habituado com a idéia de ter capitalização
societária, o que não é muito comum na cultura brasileira", diz
Safadi. "Não adianta ir direto à
Bolsa. Quem vai apostar numa
empresa desconhecida?"
Outra opção seria buscar apoio
de empresas como a Soma -espécie de "incubadora" da Bovespa. "Quando abre o capital, além
da possibilidade de ganhos com
ações, o empreendedor abre o caminho para buscar recursos mais
baratos que se endividar", diz Romeu Pasquantonio, diretor da Soma. A emissão de ações, contudo,
traz riscos. "É preciso saber se há
algum investidor interessado",
afirma Ricardo Humberto Rocha,
professor do Ibmec Educacional.
A Bovespa orienta empresários
interessados em emitir ações
(novomercado@bovespa.com.br). Há também o Venture Fórum, parceria com a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos)
que visa capitalizar empresas menores e preparar as médias para a
abertura. O próximo fórum está
marcado para outubro.
(PAULA LAGO)
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