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Incorreção, imprecisão, omissão
Exemplos mencionados a seguir revelam que a Folha teve dificuldades ao longo da semana
com a correção e a precisão em
relatos publicados.
O mais relevante se refere ao
episódio da mulher que, driblando a segurança e o cerimonial,
aproximou-se do presidente da
República e fez um discurso a
quase um metro dele em ato de
lançamento da política nacional
de saúde mental, quarta-feira,
no Palácio do Planalto.
O jornal mencionou o fato em
dois parágrafos enxertados no
meio da reportagem sobre a cerimônia, optando por destacar,
em imagens, dois atores que ali
se pronunciaram.
Sobre o discurso da mulher, informou apenas que "pregou o
evangelho" e falou da importância de Cristo no tratamento de
doentes mentais.
A concorrência, porém, não só
publicou a foto dela cara-a-cara
com um Lula visivelmente constrangido como também ressaltou que, em seu discurso, a mulher fizera uma aberta defesa do
traficante Fernandinho Beira-Mar. Uma coisa e outra, aliás,
haviam sido mostradas desde a
noite de quarta-feira, no "Jornal
Nacional".
Onde estavam, então, os repórteres da Folha, que teve de recuperar tudo na edição de sexta?
Em reportagem na terça-feira
sob o título "Primeira viagem de
Kirchner deve ser ao Brasil", o
jornal informou que, na noite
anterior, um grupo de estudantes da Faculdade de Direito da
Universidade de Buenos Aires tinha realizado uma manifestação contra o ditador cubano Fidel Castro, cuja palestra, que seria feita ali, "foi suspensa após os
protestos".
Um leitor e um conselheiro da
embaixada de Cuba no Brasil
enviaram e-mail ao ombudsman dizendo que a palestra
ocorrera, sim, com "milhares" de
presentes -fato divulgado, inclusive, em alguns jornais.
A correspondente da Folha em
Buenos Aires alega que o texto
dizia que a palestra havia sido
"suspensa, não cancelada". Relata também que ela seria às 18h
e foi adiada por conta dos protestos, só começando às 22h30.
Tudo bem. Ainda assim, não
dá para entender por que a informação de que o discurso, afinal, aconteceu não foi publicada
pelo jornal, cuja edição mais tardia se encerra por volta das 23h
(não há diferença de horário entre nós e a capital argentina).
Cuba, aliás, protagonizou um
outro texto problemático -pequenino, mas cheio de lacunas.
Foi na edição de quinta, dentro do material sobre o relatório
da Anistia Internacional referente aos direitos humanos em
diversas partes do mundo.
Ele informava que o Senado
brasileiro tinha aprovado uma
moção contra a recente onda de
repressão a dissidentes promovida por Havana.
Nada dizia, no entanto, sobre
quando isso ocorrera nem como
tinha sido a votação, ficando insatisfeita a curiosidade elementar de todo leitor interessado no
assunto sobre, por exemplo, como teriam votado, aí, os parlamentares do PT.
O dólar não caiu nem subiu
por causa dessas omissões, mas o
jornal não deveria subestimá-las. Elas denotam desprezo pelos
fatos, falta de vivacidade na reportagem e na edição, além de
lapsos de sintonia com interesses
básicos do leitor.
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