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Nobres estrangulados
Há uma semana, a Folha noticiou o crescimento da exclusão
social em São Paulo entre 1996 e
1999. Com base no mesmo levantamento, no dia seguinte o
jornal registrou o aumento da
taxa de homicídios na cidade.
Manchete de Cotidiano de segunda-feira: "Violência "estrangula" as áreas nobres". Acima
do título, o complemento: "Onda de homicídios caminhou no
sentido periferia-centro".
A pesquisa mostra diminuição das áreas de São Paulo com
taxa mais branda de homicídios. Para concluir, a partir desse dado, que "a violência, antes
confinada à periferia, se aproxima das áreas centrais e mais
nobres", é preciso passar por cima das informações discriminadas por distrito.
Quem as examina constata
que:
a) as taxas eram e continuam
a ser muitíssimo mais elevadas
nos bairros pobres;
b) existem exceções, mas a
maioria dos bairros em que
houve aumento expressivo está
na periferia.
Dizer que a "onda caminhou
no sentido periferia-centro" não
significa nada além de reforço
do senso comum, o correspondente paulistano da imagem da
descida do morro no Rio.
A afirmação é exemplo da tortura a que números são submetidos no jornalismo, invariavelmente a serviço do alarme.
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