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Estímulo ao preconceito
A Folhinha publicou no sábado 23 uma interessante reportagem sobre economia, com dicas
para poupar dinheiro da mesada, sua utilidade, seu sentido.
Parte do depoimento de uma
menina despertou mal-estar em
um pai-leitor, que a considerou
"de caráter escandaloso".
Diz a criança: "Coloquei muito
dinheiro no meu porquinho e,
quando fui quebrá-lo, descobri
que tinha sumido bastante dinheiro. Aí minha mãe desconfiou que foi a babá que tinha pegado o dinheiro".
Pergunta o leitor:
"No meio de reportagens sobre
como economizar dinheiro, o
que este relato tenta passar às
crianças? Que se deve desconfiar
da babá, da empregada? Instaurar um preconceito social, um receio de que elas podem roubar o
dinheiro da criança? Por que
houve tal denúncia na Folhinha? Por que este fato privado,
restrito à família, se tornou público para todos os leitores e principalmente para as crianças, que
são o público-alvo do suplemento?".
Essas interrogações críticas,
que embutem nelas próprias as
respostas, fazem pleno sentido.
A editora do suplemento, Monica Rodrigues Costa, explica
que, "normalmente, nas entrevistas, a Folhinha publica os comentários espontâneos das
crianças desde que acredite que
eles não desrespeitem o outro ser
humano sobre quem a criança
está falando".
"Ao publicar a declaração, o
caderno acreditava que não estava desrespeitando ninguém e
não percebeu", admite a editora,
"que poderia estar disseminando o preconceito".
E acrescenta: "As reportagens,
pelo menos nos últimos 15 anos,
mostram que o caderno segue o
projeto editorial da Folha de respeito ético entre as pessoas".
Talvez justamente por causa
dessa trajetória, o deslize tenha
chamado ainda mais a atenção
daquele pai-leitor.
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