São Paulo, domingo, 01 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Estímulo ao preconceito

A Folhinha publicou no sábado 23 uma interessante reportagem sobre economia, com dicas para poupar dinheiro da mesada, sua utilidade, seu sentido.
Parte do depoimento de uma menina despertou mal-estar em um pai-leitor, que a considerou "de caráter escandaloso".
Diz a criança: "Coloquei muito dinheiro no meu porquinho e, quando fui quebrá-lo, descobri que tinha sumido bastante dinheiro. Aí minha mãe desconfiou que foi a babá que tinha pegado o dinheiro".
Pergunta o leitor:
"No meio de reportagens sobre como economizar dinheiro, o que este relato tenta passar às crianças? Que se deve desconfiar da babá, da empregada? Instaurar um preconceito social, um receio de que elas podem roubar o dinheiro da criança? Por que houve tal denúncia na Folhinha? Por que este fato privado, restrito à família, se tornou público para todos os leitores e principalmente para as crianças, que são o público-alvo do suplemento?".
Essas interrogações críticas, que embutem nelas próprias as respostas, fazem pleno sentido.
A editora do suplemento, Monica Rodrigues Costa, explica que, "normalmente, nas entrevistas, a Folhinha publica os comentários espontâneos das crianças desde que acredite que eles não desrespeitem o outro ser humano sobre quem a criança está falando".
"Ao publicar a declaração, o caderno acreditava que não estava desrespeitando ninguém e não percebeu", admite a editora, "que poderia estar disseminando o preconceito".
E acrescenta: "As reportagens, pelo menos nos últimos 15 anos, mostram que o caderno segue o projeto editorial da Folha de respeito ético entre as pessoas".
Talvez justamente por causa dessa trajetória, o deslize tenha chamado ainda mais a atenção daquele pai-leitor.


Texto Anterior: Os nós da Varig
Próximo Texto: Relatório da chuva
Índice


Bernardo Ajzenberg é o ombudsman da Folha. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Ele não pode ser demitido durante o exercício do cargo e tem estabilidade por seis meses após o exercício da função. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva do leitor -recebendo e verificando as reclamações que ele encaminha à Redação- e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Bernardo Ajzenberg/ombudsman, ou pelo fax (011) 224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br.
Contatos telefônicos: ligue (0800) 15-9000; se deixar recado na secretária eletrônica, informe telefone de contato no horário de atendimento, entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.