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Como vai a USP
A julgar por alguns sinais emitidos esparsamente nos jornais, a
Universidade de São Paulo
(USP), ou ao menos uma parte
importante dela, parece viver
uma etapa de significativa deterioração.
Há cerca de um mês começou
uma greve de estudantes da Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas (FFLCH), seguida de mobilizações de servidores e docentes. Estes, por salários,
aqueles, por mais professores,
contra a superlotação nas salas
de aula.
Conforme mostrou reportagem
da Folha no dia 4 de maio, a
FFLCH, que, como é sabido e reconhecido, desde os anos 30 tem
produzido "cérebros" dentre os
mais importantes da intelectualidade brasileira, pode estar vivendo a maior crise de sua história.
Um dos movimentos estruturais que estariam por trás dessa
grave situação diz respeito à desvalorização das áreas de ciências
humanas, em combinação com
um "engajamento" maior da
USP no mercado.
Contra uma média padrão de
um professor para cada 14 estudantes na universidade, a
FFLCH registra um professor para cada 35,2 universitários.
Alternando tapas e beijos, pelo
menos desde o final da década de
70, sempre foi estreito e socialmente benéfico o relacionamento
entre a Folha e a USP.
Por isso mesmo, é estranho que
o jornal tenha limitado a cobertura da atual situação à curta reportagem de 4 de maio e, depois,
a pequenos registros de negociações com a reitoria ou de atos públicos dos estudantes.
Abandonou-se praticamente o
assunto, relegando-o a um acompanhamento apenas factual e superficial, bem aquém do que a
gravidade da crise parece exigir.
A omissão também não deixa
de ser uma postura jornalística.
O que está acontecendo na
USP? Até que ponto se pode falar
em deterioração e/ou em adoção
de "novos caminhos"? Como se
chegou a essa situação? Qual é o
"raio-x" dessa universidade hoje?
O leitor da Folha tem o direito
de saber.
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