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Lula e a Globo
Um tema "quente" da semana
foi a exclusividade dada pelo
presidente eleito à maior rede de
TV do país na noite de domingo
(entrevista ao "Fantástico") e na
segunda-feira (mais de uma hora no "Jornal Nacional").
A parceria só se ampliou na
quinta-feira, com a participação
de Lula em dois programas da
TV Record.
Pode-se criticar o tom excessivamente emotivo e laudatório
do material apresentado pela
Globo e até especular sobre suas
eventuais motivações extra-jornalísticas. Mas sua busca pela
exclusividade -dever de todo
órgão de imprensa- não está
em questão.
A rigor, quem deve explicações
é o presidente eleito.
Por que, rompendo toda lógica
pública, não convocou antes de
mais nada uma entrevista coletiva, para depois dar exclusivas?
Pensar nessa atitude como revide contra veículos que Lula
possa julgar terem sido prejudiciais à sua campanha me parece
primário, lógica juvenil à qual
ele próprio, creio, não se submeteria.
Se o acordo com a Globo aconteceu antes ou depois da votação, é secundário. O problema é
o acordo em si.
As dificuldades financeiras das
empresas de mídia -com destaque para as Organizações Globo,
com uma dívida bilionária-
têm sido reveladas, ainda que
bem menos do que o desejável,
pela própria imprensa.
Fala-se na possibilidade de
uma "ajuda" direta do governo
ao setor, ajuda que deu passos
concretos, indiretamente, com a
regulamentação da entrada do
capital estrangeiro por meio de
medida provisória editada por
FHaC a poucos dias do primeiro
turno.
Num quadro como esse, ante a
condescendência de Lula com
um interesse privado (a exclusividade das entrevistas) e o beneplácito com que foi presenteado
pela Globo (acresça-se um "Globo Repórter" na sexta), o público
tem o direito de se perguntar, como fizeram ao ombudsman alguns leitores, inclusive eleitores
do líder petista: por que ele fez isso? Eis uma bela pauta.
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-recebendo e verificando as reclamações que ele encaminha à Redação- e comentar, aos domingos, o noticiário
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