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Fontes murmurantes
No sábado de Carnaval, a Folha
informou que será "ampla" a reforma ministerial deflagrada pela
queda dos dois afilhados de Antonio Carlos Magalhães.
Os termos cautelosos da reportagem ("Fernando Henrique Cardoso sinalizou que estuda fazer
uma ampla reforma") não impediram o jornal de dedicar à previsão de suas fontes título no alto
da página e dezenas de centímetros de texto. Também não chamou atenção que o "Painel" do
mesmo dia descrevesse como "minirreforma" o que vem por aí.
Pois bem. Na sexta-feira, com
menos de uma semana de intervalo, um novo título avisou que a
"mudança mais ampla perde força no Planalto". "A Folha apurou
que cresce a tese defendida por
parte dos auxiliares do presidente
de restringir as trocas aos dois ministérios." Para que dar espaço e
visibilidade de notícia a um bastidor volátil que cabe perfeitamente em uma nota?
"O jornal não deve se preocupar
com a micropolítica", responde o
Valdo Cruz, diretor-executivo da
Sucursal de Brasília. "Mas creio
que não é o caso atual, que envolve uma reforma ministerial planejada em meio a uma crise em
toda a base parlamentar do governo. Não bastasse isso, está em
jogo a sucessão presidencial."
Ele defende as duas reportagens
sob o argumento de que, "em momentos de crise, o jornal precisa
apresentar ao leitor relatos que o
aproximem dos bastidores".
Sem dúvida, mas cabe discutir a
relevância do que é apresentado.
Sempre se pode alegar que antes a
tendência era uma, agora é outra,
amanhã talvez volte a ser a anterior. Isso não apaga a constatação
de que o leitor é enrolado com especulações desimportantes, não
raro próximas da cascata.
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