São Paulo, domingo, 04 de março de 2001

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Desenrolando fitas

Conforme prometera, o procurador Luiz Francisco de Souza veio a público esclarecer como gravou e divulgou para a imprensa a reunião que ele e dois colegas tiveram com o senador Antonio Carlos Magalhães. Dúvidas sobreviveram a essas explicações. Infelizmente, nenhuma exposta com clareza na reportagem que a Folha publicou na quinta-feira.
Como observei na crítica interna, não se trata de mover campanha contra o procurador nem de deixar sem exame as acusações registradas na conversa.
É apenas cumprir a obrigação de apontar as incongruências da história contada por ele, visíveis para qualquer um que tenha acompanhado sua entrevista pela TV. Luiz Francisco estava (e continua) "enrolado em fitas", como bem resumiu o título do "Globo".
Inteiramente apoiada nas declarações dele, a reportagem não mencionou o relatório do procurador-chefe do Distrito Federal, que contestou parte dos diálogos apresentados pela "IstoÉ" e, por tabela, a versão de Luiz Francisco.
Crédulo, o texto trouxe no penúltimo parágrafo o único registro sobre a rocambolesca passagem da destruição das fitas "com o pé, trincando o invólucro plástico, deixando os restos no chão para serem jogados no lixo".
A omissão continuou no dia seguinte. Além de deixar o caso em pé de página, a Folha foi o único dos principais diários a não dizer com todas as letras que o procurador recuara de suas alegações sobre o destino da(s) fita(s).
Boa notícia: a cobertura melhorou sensivelmente na edição de ontem. O jornal não pode transmitir ao leitor a impressão de que deixa Luiz Francisco passar sem questionamento na esperança de se beneficiar de seus vazamentos.


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