São Paulo, domingo, 04 de junho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Índice

Entre amigos

Na sexta-feira passada, reportagens na Folha e no "Estado" apresentaram os nomes das 48 canções classificadas para o Festival da Música Brasileira, promovido pela Rede Globo.
O texto da Folha destacava que o evento buscará "derrubar a ditadura imposta pelas rádios e pela mídia". Entrevistado, o diretor-geral disse esperar que "o festival seja o início de um alicerce para mudar a perspectiva musical do país".
O "Estado" ressaltava que "o corpo de jurados teve absoluta liberdade de trabalho, sem pressão de qualquer espécie". Os escolhidos "são nomes que o grande público ainda não conhece, mas que têm presença e respeito na fatia do meio musical que trabalha com a grande tradição qualitativa, preocupada com a beleza da música brasileira.
Maravilhoso. No último parágrafo, o autor esclareceu que ele e um repórter da Folha haviam integrado o júri.
A informação, que me foi confirmada pela Redação, não constava da matéria da Folha, assinada pelo jornalista citado no concorrente. Observei na crítica interna que o incidente é muito ruim para o jornal.
O "Estado", que parece não ver impedimento em escalar um profissional para relatar o resultado de uma seleção de que ele participou, pelo menos teve a transparência de revelar o conflito de interesses.
A Folha, que sempre manifestou rejeição a esse tipo de arranjo, desta vez nem mesmo deu satisfação ao leitor. Ela foi publicada ontem, na forma de um "erramos" dando conta da atuação dupla do jornalista.
O editor tinha conhecimento da participação do repórter, mas a direção do jornal foi tomada de surpresa.
A editora-executiva, Eleonora de Lucena, vê o "erramos" como o mínimo que poderia ser feito diante de reportagem realizada em tais circunstâncias e sem aviso ao leitor. Como regra, considera os dois trabalhos incompatíveis.
Não há como esperar jornalismo independente dessa dupla jornada.



Texto Anterior: Nem o básico
Índice


Renata Lo Prete é a ombudsman da Folha. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Ele não pode ser demitido durante o exercício do cargo e tem estabilidade por seis meses após o exercício da função. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva do leitor -recebendo e verificando as reclamações que ele encaminha à Redação- e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, a/c Renata Lo Prete/ombudsman, ou pelo fax (011) 224-3895.
Endereço eletrônico: ombudsman@uol.com.br.
Contatos telefônicos: ligue (0800) 15-9000; se deixar recado na secretária eletrônica, informe telefone de contato no horário de atendimento, entre 14h e 18h, de segunda a sexta-feira.

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.